A democracia sob ataque | Page 67

dade econômica e social ” baliza todas as avaliações políticas caiopradianas . A recusa das esquerdas em levar em conta essa matriz analítica vai se manifestar na sua visão enganosa de que se podia avançar o processo daqueles anos do governo Jango no sentido de uma mobilização radical . Para Caio Prado Jr ., esta “ falsa radicalização ” era “ sem dúvida um grande óbice , talvez no momento o mais sério , oposto a um fecundo desenvolvimento da política brasileira no sentido da solução das grandes contradições econômicas e sociais que afetam o organismo da Nação ”. ( Revista Brasiliense , n . 44 , nov . -dez ./ 1962 ).
Ele era incisivo em dizer que , sem a “ ânsia desmedida ” pelo poder naquela situação dramática do final de 1962 , as “ forças democráticas e progressistas ” estariam em melhores condições de formular práxis ( destinada a “ corrigir as defeituosas vias em que se processa a política brasileira ”) em favor de uma “ clara definição e polarização de forças ”. Era por esse caminho que se abriam perspectivas para “ a solução das contradições econômicas e sociais pendentes ”, interditando-se a velha lógica da política brasileira que terminava sempre por “ canalizar e dissipar o dinamismo latente nessas contradições para estéreis lutas de facções e choques de interesses personalistas ”. ( Revista Brasiliense , n . 44 , nov . -dez ./ 1962 ).
“ Um primeiro e imediato passo ”, dizia o militante do PCB , naqueles anos tumultuados , seria a concretização “ sistemática ” ( sic ) de um programa , “ a fim de tirá-lo das vagas generalizações e dispersão de princípios que ainda hoje o caracterizam ”, ter noção “ precisa de como propor essas questões concretamente e de modo a lhes dar soluções expressas em normas práticas e desde logo aplicáveis ”. ( Revista Brasiliense , n . 44 , nov . -dez ./ 1962 ).
A política brasileira segundo Caio Prado Jr .
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