A democracia sob ataque | Page 145

De pacífico já tem bem pouco
Silvio Queiroz

O

impeachment da presidente da Coreia do Sul , Park Geun-hye , acrescentou um ingrediente de instabilida de no panorama já um tanto turbulento da região da Ásia banhada pelo Oceano Pacífico . O julgamento de Park por corrupção tem dinâmica própria , que não se relaciona diretamente com o ambiente conturbado que cerca o país . Mas o desfecho do processo coincide com um momento delicado em parte do globo onde se encontram desafios dos mais peri gosos para uma ordem mundial que mal começa a delinear sua coluna dorsal .
A troca de governo em Washington , com a posse de Donald Trump , é um dos primeiros e mais importantes fatores de incerteza . Não será por mera coincidência que a troca de guarda na Casa Branca se sobrepõe a uma aparente escalada militar do acuado regime comunista norte-coreano .
Desde a vitória eleito ral de Trump , em novembro , o jovem líder de Pyongyang , Kim Jong-Un , aventurou-se em uma sucessão de desafios à comuni dade internacional . Promoveu novos testes de armas nucleares , disparou mísseis cujo alvo ideal – ainda longe do alcance – é o território continental dos Estados Unidos e , ainda na semana passada , si mulou um ataque às bases militares americanas no Japão .
Em um cenário no qual a China começa a lançar ao mar seus primeiros porta-aviões , enquanto a Marinha americana inicia o patrulhamento militar ostensivo de áreas de disputa territorial no Mar do Sul da China , as turbulências em ambas as metades da Península Coreana só fazem ressaltar que o ambiente no Oceano Pacífico parece cada vez distante daquilo que o nome possa sugerir .
A esfinge pergunta
A esse roteiro que evoca filmes de James Bond , soma-se o grau extremo de imprevisibilidade representado pela presença de Donald Trump na Casa Branca , desde janeiro .
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