A crise não parece ter fim PD48 | Page 93

Homem público Antônio de Faria Lopes A expressão está em desuso porque, a cada ano, é menor o número de homens verdadeiramente públicos ou porque a linguagem vai se adaptando às novas realidades e qualifica- tivos – como este – começam a ficar inconvenientes. Nunca se usou, por exemplo, designar a mulher que conquistava um mandato eleitoral e ingressava no Parlamento como uma mulher pública. Pegaria mal. E elas nem sabiam que já foram “mulheres sapiens”, descoberta de Dona Dilma, quando ainda presidente da República. Do homem público se exigiu, desde sempre, virtudes como honestidade, seriedade, respeito, transparência, honradez, sem as quais ele não poderia ser mandatário e nem agir em nome da socie- dade, representando-a por escolha dela própria. Nunca se contes- tou o direito de todos, políticos inclusive, à privacidade, às suas escolhas, sua religião, suas preferências sexuais, o seu “direito de estar só” como defende o professor Paulo José da Costa Júnior. Todavia, é inegável que existe um processo de privatização dos governos e do próprio Estado. O princípio de que “todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (§ único do art. 1º