A escolha de Sofia
Luis Mir
T
emos hoje um quadro generalizado no país que caracteriza,
em números e danos, uma crise humanitária de proporções
horrendas no Sistema Único de Saúde (SUS). Milhões de
brasileiros sem assistência, acesso e garantia de saúde pública
universal, gratuita, equânime. Mas qual é a principal caracterís-
tica hoje do sistema público de saúde do país? O Estado mente,
simplesmente mente, cada vez mais mente, mente impunemente,
sabe mentir cada vez melhor. O sistema está em colapso finan-
ceiro, administrativo e assistencial, é um escombro a céu aberto.
E eles continuam mentindo, criando falsas notícias, factoides que
não resistem ao contato com o ar, se dissolvem. E ficam empi-
lhando Ames sobre Upas, o mesmo do mesmo, um desperdício
de bilhões. Destroem os hospitais públicos com a eficiência de
mafiosos, compram equipamentos milionários que ninguém sabe
operar, não há treinamento, e que só atendem a 3% da porta.
Ficam plantando UBS país afora que são unidades fantasmas.
Dentro, nada do que foi planejado se concretiza, um atendimento
de fantasmas para fantasmas.
Não há inocentes nesta história. Entre mortos e feridos, não se
salva ninguém. Eles não frequentam os corredores da morte dos
hospitais públicos. Isto não é problema deles, estamos falando de
seres inferiores, sub-humanos, nada mais que lixo humano, que
fede, incomoda. E no capitalismo tudo tem um preço. Paga quem
pode, morre quem não paga.
Do que vamos tratar especificamente neste artigo? De dois
aspectos:
1. A falência da gestão do SUS
A saúde pública no Brasil é uma fantasia mantida por um orça-
mento de papel pintado, que parece dinheiro, mas não é, números
que parecem números e até são considerados números, mas são
projeções, simples projeções, uma realidade virtual. Em nenhum
estado do país, em nenhuma cidade, temos um sistema de atenção
à saúde e cuidados médicos estruturado, funcionando, com orça-
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