A crise não parece ter fim PD48 | Page 88

A escolha de Sofia Luis Mir T emos hoje um quadro generalizado no país que caracteriza, em números e danos, uma crise humanitária de proporções horrendas no Sistema Único de Saúde (SUS). Milhões de brasileiros sem assistência, acesso e garantia de saúde pública universal, gratuita, equânime. Mas qual é a principal caracterís- tica hoje do sistema público de saúde do país? O Estado mente, simplesmente mente, cada vez mais mente, mente impunemente, sabe mentir cada vez melhor. O sistema está em colapso finan- ceiro, administrativo e assistencial, é um escombro a céu aberto. E eles continuam mentindo, criando falsas notícias, factoides que não resistem ao contato com o ar, se dissolvem. E ficam empi- lhando Ames sobre Upas, o mesmo do mesmo, um desperdício de bilhões. Destroem os hospitais públicos com a eficiência de mafiosos, compram equipamentos milionários que ninguém sabe operar, não há treinamento, e que só atendem a 3% da porta. Ficam plantando UBS país afora que são unidades fantasmas. Dentro, nada do que foi planejado se concretiza, um atendimento de fantasmas para fantasmas. Não há inocentes nesta história. Entre mortos e feridos, não se salva ninguém. Eles não frequentam os corredores da morte dos hospitais públicos. Isto não é problema deles, estamos falando de seres inferiores, sub-humanos, nada mais que lixo humano, que fede, incomoda. E no capitalismo tudo tem um preço. Paga quem pode, morre quem não paga. Do que vamos tratar especificamente neste artigo? De dois aspectos: 1. A falência da gestão do SUS A saúde pública no Brasil é uma fantasia mantida por um orça- mento de papel pintado, que parece dinheiro, mas não é, números que parecem números e até são considerados números, mas são projeções, simples projeções, uma realidade virtual. Em nenhum estado do país, em nenhuma cidade, temos um sistema de atenção à saúde e cuidados médicos estruturado, funcionando, com orça- 86