A crise não parece ter fim PD48 | Page 86

Educação e inovação no século 21 Mozart Neves Ramos N o século 21, a relação en­t re educação e inovação é cada vez mais profun­ da e recíproca. Precisa­ remos investir muito em educa­ção de qualidade se quisermos alcançar o pata- mar das socie­dades mais inovadoras do mun­do, e só conseguire- mos dar um verdadeiro salto de qualidade na nossa educação se inovar­mos profundamente a maneira como educamos. O preço por negligenciar essa relação pode ser – e já está sen­do – altíssimo. Do ponto de vis­t a econômico, a falta de quali- da­de da nossa educação se reflete no baixo índice de produtivi- da­de dos nossos trabalhadores e na nossa dependência econô­ mica de commodities. Se não fi­zermos nada para mudar este cenário, estaremos sempre à mercê da inovação produzida por outros países, vendendo produtos e serviços baratos e comprando tecnologias caras que não seremos capazes de de­ senvolver. Certamente, continu­ aremos ouvindo falar de brasi­ leiros criativos que desenvol­ vem soluções inovadoras para problemas pontuais, mas eles continuarão sendo ilhas de ex­celência em um mar de obsoles­cência e improdutividade. Só a educação de qualidade para todos pode garantir um fu­turo de prosperidade para nossa sociedade. Um estudo do eco­nomista- chefe do Instituto Ayr­ton Senna e professor do Insper, Ricardo Paes de Barros, mostrou que, entre 1990 e 2015, cada ano a mais de estudo no país foi se­g uido de um aumento extra de produção de apenas US$ 98 por trabalhador ao ano, sendo que, no Chile e na Coreia, esse au­mento foi de US$ 829 e US$ 842, respectivamente. Este dado re­vela que, apesar de a média de anos de escolari- dade dos brasi­ leiros ter se expandido conside­ ravelmente, nosso sistema edu­cacional não está dando conta de preparar os jovens para um mercado de trabalho cada vez mais globalizado e complexo. Precisamos urgentemente inovar a nossa educação. Digo “inovar” porque não se trata de “consertar” ou “remendar”. Trata- se de criar uma nova educação que responda aos desafios do mundo em que vivemos. Diferentemente do mundo do século 19 (em que foi concebido o sistema edu­cacional vigente), o mundo atual exige das pessoas a ca­pacidade de seguir aprenden­do ao 84