A crise não parece ter fim PD48 | Page 84

Agrediram o senador, é fato. Mas agrediram e desrespeitaram as duas instituições, sua história e sua cultura pluralista. Não pensem que se trata tão somente de uma ação tresloucada de alguns petistas espiroquetas. Obedece à ordem dada por José Dirceu, ainda de dentro da cadeia, de uma “guinada à esquerda” do PT. Está em absoluta sintonia com a mensagem de solidariedade ao “companheiro Maduro” da presidente do PT, em recente encontro da esquerda bolivariana, no Fórum de São Paulo, na Nicaragua. Propositadamente, o PT está açulando seus aprendizes de Maduro para criar uma escalada de violência, talvez por acreditar que, com a confirmação da condenação de Lula em segunda instância, a via institucional estará esgotada e que terão de apelar a outros meios. Este é o sentido da afirmação de que eleição sem Lula é fraude. Ora, se é fraude, eles não participarão dela e percor- rerão outras vias. O PT não tem o menor compromisso com a democracia como um bem, um valor universal. Vivem na lógica binária robespier- riana, que dividia o mundo em “bons e maus cidadãos”. Os bons, são eles, claro. Os maus, todos os que não rezam por sua cartilha e merecem a guilhotina. Se pudessem, os filhotes de Maduro fariam do Brasil uma Venezuela. Só não fazem porque não têm força e são obrigados a conviver com este estorvo, a “democracia burguesa”, para enfra- quecê-la por dentro. Não conseguirão, porque felizmente o Brasil não é a Venezuela de Maduro. Nem por isso devemos subestimar seus filhotes. Quanto ao senador Cristovam, sua biografia fala por si só. A ele, toda a nossa solidariedade. As senadoras e a Casa do Povo O xingatório ao senador Cristóvam, em Belo Horizonte, tem relação direta com o “mesaço” das senadoras Gleisi Hoffman (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA) que, na mão grande, tentaram tomar de assalto a condução dos trabalhos no Senado, durante a vota- ção da reforma trabalhista, no dia 11 de julho. Na democracia, as minorias têm pleno direito de expressar seus pontos de vista, de lutar por eles. Mas o único caminho que podem 82 Tibério Canuto