A democracia como mero
instrumento
Tibério Canuto
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Univer-
sidade Federal de Minas Gerais são duas instituições com rele-
vantes serviços prestados ao país, à ciência e à democracia. Por
sua natureza, estes dois centros do saber e da cultura sempre se
opuseram ao pensamento único, à intolerância e a qualquer
manifestação totalitária.
Lembro-me muito bem dos meus tempos de juventude, quando
realizávamos manifestações estudantis em Belo Horizonte e nos
abrigávamos nas instalações da UFMG para nos proteger da
repressão policial. De suas fileiras saíram muitos líderes estu-
dantis e muitos intelectuais e cientistas que engrandeceram a
cultura nacional.
Quando a sociedade civil começou a se rearticular nos anos
70, a SBPC foi uma de suas vozes, ao lado da OAB, ABI e CNBB.
Seus congressos anuais foram momentos de resistência democrá-
tica e de efervescência política.
Suas histórias, portanto, são a negação do ódio. Por livre e
espontânea vontade jamais a UFMG e a SBPC serviriam de palco
para intolerantes que foram até à reunião anual da SBPC, no dia
18 de julho, em Belo Horizonte, para hostilizar e impedir o senador
Cristovam Buarque de divulgar o seu livro. Pasmem, em um encon-
tro da ciência, “coletivos” do PT impedem a divulgação da cultura.
Se pudessem, queimariam seu livro nas fogueiras da inquisição.
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