A crise não parece ter fim PD48 | Page 75

tativa , como os partidos e o Congresso , e abriu espaço para a emergência de candidaturas reacionárias e parafascistas .
Por outro lado , pela sua experiência histórica , partidos como o PPS , o PV e o PSB não devem avalizar frentes políticas estreitas , restritas à esquerda e à extrema-esquerda , com um programa sectário que não expresse , nem de longe , o consenso das forças democráticas do país .
Tal proposta , ao contrário da intenção de seus formuladores , diminui o poder transformador dos socialistas , ao colocar a esquerda política num gueto , isolada da maioria da sociedade e das forças democráticas , favorecendo as forças conservadoras , ainda que inadvertidamente .
É impossível governar o Brasil baseado tão somente em setores de esquerda e de extrema-esquerda , minoritários na sociedade e no Congresso . Aferrados a preconceitos ideológicos , as propostas de tais grupos estão presas ao passado e são caminho certo para o desastre econômico , com as consequências negativas que vivemos hoje no Brasil e em outros países da América Latina . Em vez de unir , elas dividem os brasileiros .
Sem exclusão de nenhuma força política democrática e reformista , a centro-esquerda deve mais uma vez , a exemplo da eleição de 2014 , propor a união de socialistas , socialdemocratas e liberaldemocratas em torno de um novo pacto político e social , com foco na transparência e fortalecimento da democracia representativa , no desenvolvimento sustentável e na promoção do bem-estar social .
A centro-esquerda deve superar a dicotomia estereotipada esquerda x direita . Ao mesmo tempo em que afirme sua responsabilidade social , em defesa de políticas que melhorem a qualidade dos serviços públicos em educação , saúde , transportes e moradia , deve mostrar seu compromisso com a responsabilidade fiscal e com um ambiente econômico necessário a um desenvolvimento autossustentado e ecologicamente saudável .
Aqui também deve evitar dois extremos . De um lado , rejeitar o Estado mínimo e o capitalismo sem regulamentação social em detrimento do interesse público . De outro lado , deve se distanciar de qualquer orientação populista irresponsável , que ponha em risco o equilíbrio das contas públicas , fundamental para uma retomada do crescimento em base sólidas .
Por cima de estreitezas ideológicas , é preciso unir cidadãos de diferentes e variados pensamentos para a tarefa comum de aperfei-
A centro-esquerda deve unir o Brasil
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