A crise não parece ter fim PD48 | Page 74

A centro-esquerda deve unir o Brasil Júlio Martins P artidos da centro-esquerda, como o PPS, o PSB, o PV e a Rede, devem buscar a união de todos os brasileiros que se reconhecem em um projeto democrático de prosperidade econômica e justiça social para o Brasil. Devem fugir da disputa esquerda x direita que divide o país e que tem impedido a união de amplas forças democráticas. Essa convergência é necessária para que o país vença os gigantescos desafios do presente. É preciso superar a polarização que se estabeleceu desde as elei- ções de 1994. De um lado, a aliança PSDB-PFL, que governou até 2002. De outro, a coligação PT-PMDB, que liderou o país até 2016. Tal polarização dividiu os progressistas e favoreceu ao atraso. Impediu uma agenda comum dos democratas social-reformistas para o avanço de várias reformas capazes de elevar a qualidade de vida do povo de maneira significativa e sustentável. Para unir todos os democratas social-reformistas do Brasil, a centro-esquerda deve evitar dois extremos. De um lado, refutar uma aliança sem bases programáticas, como a que se verificou recentemente, quando o PT se uniu à direita (PP de Maluf) e à centro-direita (PMDB sarneysista) para combater o centro (PSDB) e a centro-esquerda (PPS, PSB, PV e Rede). O resultado de tal aliança fisiológica foi desnudada pela Lava- Jato: um gigantesco esquema patrimonialista de utilização da coisa pública para fins privados e partidários. Um projeto de poder para um partido único, no lugar de um projeto para o país, negociado consensualmente por uma frente social e política multipartidária. Além do desastre do mais profundo e mais duradouro ciclo recessivo da história da República, com graves consequências sociais de 14 milhões de desempregados e de queda da arrecadação para o financiamento dos serviços públicos na União, nos Estados e municípios, tal aliança populista desmoralizou perigosamente instituições democráticas fundamentais da democracia represen- 72