A centro-esquerda deve unir o Brasil
Júlio Martins
P
artidos da centro-esquerda, como o PPS, o PSB, o PV e a
Rede, devem buscar a união de todos os brasileiros que se
reconhecem em um projeto democrático de prosperidade
econômica e justiça social para o Brasil.
Devem fugir da disputa esquerda x direita que divide o país e
que tem impedido a união de amplas forças democráticas. Essa
convergência é necessária para que o país vença os gigantescos
desafios do presente.
É preciso superar a polarização que se estabeleceu desde as elei-
ções de 1994. De um lado, a aliança PSDB-PFL, que governou até
2002. De outro, a coligação PT-PMDB, que liderou o país até 2016.
Tal polarização dividiu os progressistas e favoreceu ao atraso.
Impediu uma agenda comum dos democratas social-reformistas
para o avanço de várias reformas capazes de elevar a qualidade
de vida do povo de maneira significativa e sustentável.
Para unir todos os democratas social-reformistas do Brasil, a
centro-esquerda deve evitar dois extremos. De um lado, refutar
uma aliança sem bases programáticas, como a que se verificou
recentemente, quando o PT se uniu à direita (PP de Maluf) e à
centro-direita (PMDB sarneysista) para combater o centro (PSDB)
e a centro-esquerda (PPS, PSB, PV e Rede).
O resultado de tal aliança fisiológica foi desnudada pela Lava-
Jato: um gigantesco esquema patrimonialista de utilização da coisa
pública para fins privados e partidários. Um projeto de poder para
um partido único, no lugar de um projeto para o país, negociado
consensualmente por uma frente social e política multipartidária.
Além do desastre do mais profundo e mais duradouro ciclo
recessivo da história da República, com graves consequências
sociais de 14 milhões de desempregados e de queda da arrecadação
para o financiamento dos serviços públicos na União, nos Estados
e municípios, tal aliança populista desmoralizou perigosamente
instituições democráticas fundamentais da democracia represen-
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