dos, dos senhores e dos escravos. De brancos, pretos e do que
resta de nossos primeiros habitantes indígenas. De pobres e
ricos..., mas, é importante lembrar, somos um país com uma só
língua e com um potencial de riqueza ainda imensurável.
Por tudo isso, temos a obrigação de reagir e virar este jogo.
Mas não há como pensar em curar uma doença grave se o médico
não diagnosticar corretamente. No caso brasileiro, em que herda-
mos além do patrimonialismo, traços e modos que hoje nos carac-
terizam como o país dos jeitinhos e, agora, possivelmente, o lugar
do mundo onde a corrupção se encalacrou e virou condição de
governar em todos os entes federados, isso requer que façamos
uma leitura a mais detalhada possível das causas desta tríplice
crise (política, econômica e de valores), para construirmos a saída
e, talvez, para uma efetiva reconstrução cívica da nação.
Passar por tudo isso tem sido extremamente doloroso, mas
vivemos uma verdadeira revolução nos modos de fazer a política
e, provavelmente, de governar. Daí ser imperativo o reconheci-
mento da falência definitiva desse modelo presidencialista de
conchavos e hiperconcentrador de poderes implantado no país
pelo golpe de 1889. Com ele, é certo, formamos uma Federação,
mas não fomos capazes de formar uma nação que respeitasse a
pluralidade de nossas ricas e diversas origens.
Com o presidencialismo agora chamado de coalizão, saímos
sim do atraso agrário, mas não enfrentamos adequadamente
nossas diferenças e desigualdades e nem semeamos estruturas
sólidas para caminharmos juntos, povo e nação. É fato, que as
lutas para pôr fim à ditadura militar, instalada em 1964, nos fize-
ram sonhar que, elegendo diretamente um líder ou um “super-he-
rói” presidente da República, estaríamos dando um passo grande
para a superação de nossos crônicos problemas sociais e consoli-
dando a democracia entre nós.
A sociedade que lutou pelas Diretas, com este pueril senti-
mento libertário, e o país com suas elites econômicas sucedendo-
se no poder, sem perda alguma, pareciam querer superar seus
traumas e suas históricas diferenças sem mais confrontos. Mas
ressentíamo-nos, talvez, de mitigar com mais atenção os desafios
pactuais postos em campo para dar curso a uma democracia
duradoura, plural e com pleno sentido de equidade social. Esque-
cemos, provavelmente, também, de mensurar o impacto da disse-
minação sem controle, da perspectiva de alcance, em breve tempo,
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Chico Andrade