a partir das experiências internacionais. Sei também que não
existe sistema eleitoral perfeito. Qualquer modelo tem suas vanta-
gens e desvantagens. Se tivéssemos mantido o sistema dos anos
1950/1960, quando votávamos em presidente e vice, separada-
mente, teríamos hoje uma situação distinta, porque o vice teria
sido também eleito. E, portanto, revestido de legitimidade, como
ocorreu com Jango Goulart. É possível até que nem fosse o Temer.
Sei também que não podemos nos calar em face do que se
prepara no Congresso. Ideias estapafúrdias e oportunistas como
a adoção de uma lista partidária para o eleitor votar, na qual se
esconderão os corruptos de todos os quilates ou a impossibilidade
de prisão para um candidato oito meses antes das eleições ou
ainda um fundo eleitoral, exorbitante, quase 4 bilhões de reais,
em que o contribuinte estará dando recursos para partidos com
os quais não concorda. Normas que, se aprovadas, conservarão o
caráter nocivo da atual representação parlamentar.
Portanto, vou abordar alguns poucos pontos que não pode-
riam ficar de fora nas mudanças necessárias para as próximas
eleições, partindo de algumas mazelas mais ou menos bem conhe-
cidas. Muitos outros pontos não serão contemplados, seja porque
não é o caso de uma mudança profunda, seja porque ocuparia
demasiado espaço abordar todos.
Em primeiro lugar nosso sistema eleitoral é caro. Muito caro.
Este é o seu principal problema. E, por ser desta natureza, convida
a prática do Caixa 2, ilegal e ilegítima, permitindo a corrupção
generalizar-se. Além de solapar o processo de escolha dos repre-
sentantes e desvirtuar os resultados eleitorais com a intervenção
do poder econômico. Assim, cria um espaço habitado de forma
proeminente por atores moralmente espúrios, repleto de desvios.
O que é estranho. Afinal, salvo uma organização criminosa,
nenhuma outra tem, nem perto, cerca de cinquenta por cento de
seus membros contraventores, como o Congresso Nacional.
Por que isso ocorre? Porque o alto custo das eleições convidam
à contravenção, facilitam e quase obrigam os participantes do
campo político a adotarem práticas ilegais. Por isso, é imprescin-
dível mudar as regras para baratear o processo eleitoral e, dessa
forma, atrair atores que não estejam apenas interessados em
fazer negócios, e se enriquecer, ou que sejam obrigad os a servir
interesses econômicos estranhos e, por vezes, escusos.
Baratear o processo eleitoral é a primeira tarefa de uma
mudança no processo eleitoral. E de onde provém os custos eleva-
46
Elimar Pinheiro do Nascimento