A crise não parece ter fim PD48 | Page 42

Clientelismo
Na chamada Nova República , o grande partido da conciliação vem sendo o PMDB , que soube conviver em conflito com o PT nos estados e a ele se aliar no poder central , como os saquaremas fizeram com os luzias no Império . A política de conciliação sobreviveu a duas ditaduras e continua vivíssima . Tornou-se , mais uma vez , a tábua de salvação do velho patrimonialismo . Estão aí o clientelismo com gastos públicos e as articulações para salvar da Operação Lava- Jato os que foram pegos se apropriando de bens públicos .
O problema é o custo destas alianças para os cofres públicos , como acontece agora . O governo Temer anunciou mais um aumento de impostos , para obter uma receita adicional de R $ 10,4 bilhões . O objetivo das medidas é cumprir a meta fiscal de 2017 , um déficit ( despesas maiores que receitas ) de R $ 139 bilhões . A conta não inclui as despesas com pagamento de juros da dívida pública . Para compensar a tunga no bolso do contribuinte , fará um bloqueio adicional de R $ 5,9 bilhões em gastos no orçamento federal .
A tributação sobre a gasolina subirá R $ 0,41 por litro , ou seja , mais que dobrou , já que passará a 0,89 cada litro de gasolina , considerando a incidência da Cide , que é de R $ 0,10 por litro . O diesel subirá em R $ 0,21 e ficará em R $ 0,46 por litro . Segundo a Receita Federal , o crescimento de 0,77 % na receita foi insuficiente para fechar as contas públicas . Na verdade , a receita com impostos e contribuições caiu 0,20 % no período . O resultado positivo foi salvo pelos royalties pagos por empresas que exploram petróleo . O governo Temer não cortou na própria carne ; pendurou a conta do ajuste fiscal na lei do teto de gastos . Ou seja , empurrou com a barriga .
( Correio Braziliense , 21 / 07 / 2017 )
A crise do corporativismo
A alta burocracia estatal , para manter os privilégios , aliou-se à elite política e fechou os olhos para o clientelismo e o patrimonialismo , quando não incorreu nas mesmas práticas
A Era Vargas sempre foi um tema controverso na história do Brasil . Nélson Werneck Sodré e Hélio Jaguaribe , por exemplo , viram a Revolução de 1930 como um movimento de classes médias , fruto das contradições econômicas entre esses setores médios da sociedade e os grandes fazendeiros que controlavam a República Velha . Wanderley Guilherme dos Santos e Ruy Mauro , em contraponto , foram os primeiros a defender a tese de que , na
40 Luiz Carlos Azedo