A crise não parece ter fim PD48 | Page 38

Temer, isto é, das forças que aprovaram o impeachment, se esgota com as reformas da Previdência e tributária. E a sociedade brasi- leira não tem um projeto de futuro, caminha para o pleito de 2018 com os olhos no passado. (Correio Braziliense, 20/07/2017) Uma porta fechada Na bolsa do Congresso, cada novo deputado valerá R$ 2,4 milhões na campanha eleitoral de 2018, um senador, R$ 6,7 milhões. Tudo isso com recursos públicos O esgotamento do modelo nacional-desenvolvimentista baseado no capitalismo de laços, que entrou em colapso com as revelações sobre seus mecanismos mais perversos e corruptos pela Operação Lava-Jato, e o fracasso da política de adensamento da cadeia produ- tiva nacional têm outra face: a implosão do modelo de financiamento dos partidos, a partir do uso e abuso do Caixa 2 eleitoral por meio do desvio sistemático de recursos públicos pelos chamados “campeões nacionais”, como os grupos Odebrecht e JBS e outros financiadores de campanha. Isto provocou a atual crise ética. Este duplo colapso agravou a crise econômica, que se somou à crise política e nos levou ao impeachment de Dilma Rousseff. O presidente Michel Temer, que a sucedeu, deu uma resposta rela- tivamente bem-sucedida à crise econômica, mas não se pode dizer o mesmo em relação às crises política e ética. Mesmo fragilizado pelas denúncias de corrupção e pela impopularidade, manteve a rota das reformas propostas por seu governo como um ciclista que não pode parar de pedalar para não se estatelar no asfalto. Este ímpeto reformador, que conta com a adesão das forças que apoiaram o impeachment em relação à economia, porém, esbarra na lógica conservadora da reforma política que está sendo alinhavada no Congresso. Talvez seja este o nó górdio da crise política e ética, porque as mudanças que estão sendo discutidas no sistema eleitoral têm o objetivo de salvar os políticos enrolados na Lava-Jato de uma débacle eleitoral e nada mais. Em conse- quência, já surgem no Congresso os sintomas mórbidos e patoló- gicos de uma situação na qual a velha política está morrendo e a nova ainda não emergiu. Os mecanismos de financiamento eleitoral criados a partir da Constituição de 1988 se degeneraram e foram desarticulados pela Operação Lava-Jato. Agora, precisam ser substituídos. Os caci- 36 Luiz Carlos Azedo