A crise não parece ter fim PD48 | Page 209

sidade de uma nova edição integral e crítica surgiu do estado insa- tisfatório das edições precedentes. Os textos precisam de notas históricas e bibliográficas (não de comentário) indispensáveis à sua contextualização. Pode-se ver isto ao ler, no volume da Edição Nacio- nal que reúne os escritos de 1917, o célebre artigo “Indiferentes” e todos aqueles publicados em Città futura, acompanhados de notas históricas e críticas que os tornam hoje mais compreensíveis. Quais as novidades em relação à edição de 1975 [Gerratana]? Neste meio-tempo caducaram os direitos editoriais antes exclusi- vos da Fundação. Os Cadernos tiveram sua edição crítica há mais de quarenta anos. Uma edição que assinalou uma etapa importante nos estu- dos sobre Gramsci. A Edição Nacional já ofereceu uma significativa novidade, publicando os Cadernos de traduções, excluídos da edição organizada por Valentino Gerratana. Resta o problema de datação e ordenamento. Em relação à edição de 1975, há uma subdivisão em cadernos de tradução, miscelâneos e especiais, estes últimos assim denominados por Gramsci porque contêm na maior parte das vezes uma nova redação das notas esboçadas nos miscelâneos. Depois do verão serão publicados os primeiros Cader- nos miscelâneos. Toda a edição crítica dos Cadernos estará pronta em 1920. O fim dos direitos viu uma proliferação de antologias que, no entanto, baseiam-se nas velhas edições. Gradualmente poderão vir à luz coletâneas temáticas e antologias baseadas na Edição Nacional. Algumas já saíram no curso do ano. Por certo, não pensa- mos que os volumes da Edição Nacional possam circular fora do círculo dos estudiosos. Será importante tirar partido do principal objetivo da edição, que é o de restabelecer os textos conferidos com os originais, utilizando as respectivas anotações. Além da mostra em Montecitorio [sede da Câmara dos Deputa- dos], prevê-se também uma série de quatro palestras abertas ao público. Pode nos explicar como foram subdivididas? Sim, visamos a um público de não especialistas. A primeira palestra, em 10 de maio, estará a cargo de nosso presidente, Silvio Pons, sobre Gramsci e a Revolução Russa. A segunda, de 17 de maio, será dada por Claudia Mancina, que nos falará de Gramsci e a cultura do século XX. Em 24 de maio, Gianni Francioni expli- cará como foram escritos os Cadernos do cárcere. Enfim, em 7 de junho, me caberá falar sobre Gramsci e seus editores. Pode nos antecipar alguma coisa? Oitenta anos depois, um Gramsci para todos 207