sidade de uma nova edição integral e crítica surgiu do estado insa-
tisfatório das edições precedentes. Os textos precisam de notas
históricas e bibliográficas (não de comentário) indispensáveis à sua
contextualização. Pode-se ver isto ao ler, no volume da Edição Nacio-
nal que reúne os escritos de 1917, o célebre artigo “Indiferentes” e
todos aqueles publicados em Città futura, acompanhados de notas
históricas e críticas que os tornam hoje mais compreensíveis.
Quais as novidades em relação à edição de 1975 [Gerratana]?
Neste meio-tempo caducaram os direitos editoriais antes exclusi-
vos da Fundação.
Os Cadernos tiveram sua edição crítica há mais de quarenta
anos. Uma edição que assinalou uma etapa importante nos estu-
dos sobre Gramsci. A Edição Nacional já ofereceu uma significativa
novidade, publicando os Cadernos de traduções, excluídos da
edição organizada por Valentino Gerratana. Resta o problema de
datação e ordenamento. Em relação à edição de 1975, há uma
subdivisão em cadernos de tradução, miscelâneos e especiais,
estes últimos assim denominados por Gramsci porque contêm na
maior parte das vezes uma nova redação das notas esboçadas nos
miscelâneos. Depois do verão serão publicados os primeiros Cader-
nos miscelâneos. Toda a edição crítica dos Cadernos estará pronta
em 1920. O fim dos direitos viu uma proliferação de antologias que,
no entanto, baseiam-se nas velhas edições. Gradualmente poderão
vir à luz coletâneas temáticas e antologias baseadas na Edição
Nacional. Algumas já saíram no curso do ano. Por certo, não pensa-
mos que os volumes da Edição Nacional possam circular fora do
círculo dos estudiosos. Será importante tirar partido do principal
objetivo da edição, que é o de restabelecer os textos conferidos com
os originais, utilizando as respectivas anotações.
Além da mostra em Montecitorio [sede da Câmara dos Deputa-
dos], prevê-se também uma série de quatro palestras abertas ao
público. Pode nos explicar como foram subdivididas?
Sim, visamos a um público de não especialistas. A primeira
palestra, em 10 de maio, estará a cargo de nosso presidente, Silvio
Pons, sobre Gramsci e a Revolução Russa. A segunda, de 17 de
maio, será dada por Claudia Mancina, que nos falará de Gramsci
e a cultura do século XX. Em 24 de maio, Gianni Francioni expli-
cará como foram escritos os Cadernos do cárcere. Enfim, em 7 de
junho, me caberá falar sobre Gramsci e seus editores.
Pode nos antecipar alguma coisa?
Oitenta anos depois, um Gramsci para todos
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