A crise não parece ter fim PD48 | Page 208

Oitenta anos depois, um Gramsci para todos Francesco Giasi Entrevista dada a Massimo Franchi, L’Unità, 26/04/2017: O que significa para os senhores, da Fundação, o aniversário amanhã, dia 27 de abril, dos 80 anos da morte do fundador de nosso jornal? Significa, antes de mais nada, homenageá-lo. O dia 27 de abril prevê todos os ritos da festa celebrativa. Como em todos os anos, iremos a seu túmulo no cemitério de Testaccio, em Via Morgagni, no lugar em que foi detido em 8 de novembro de 1926. Iremos cele- brá-lo no Parlamento, em presença do presidente da República, onde será inaugurada uma mostra dos Cadernos e livros do cárcere. Haverá manifestações na Sardenha, em Ghilarza, onde se realizará um encontro promovido pela renascida “Casa Gramsci”. Em Turi, onde Gramsci transcorreu o período mais longo de sua detenção. As iniciativas da Fundação se desenvolve- rão junto com uma miríade de encontros organizados por inicia- tiva espontânea de associações locais. Durante este ano grams- ciano, tentaremos divulgar os resultados das recentes investigações sobre a biografia e os escritos, bem como fazer o balanço da recepção de seu pensamento nesta primeira década e meia do novo século. Tentaremos divulgar os resultados obtidos através do trabalho que desenvolvemos para a Edição Nacional dos Escri- tos. Um trabalho que segue há tempos e continuará nos próximos anos, confiado a dezenas de estudiosos às voltas com complexos problemas de edição. A quais problemas se refere? Problemas que derivam do fato de que se trata de uma edição integral e crítica de textos de um autor que não nos deixou obras completas. Os Cadernos foram escritos no cárcere e nenhum deles constitui uma obra concluída. As cartas não eram destinadas à publicação e ainda hoje temos de nos haver com sua difícil recupe- ração. Os escritos jornalísticos estão espalhados por jornais e revis- tas dos anos 1910 e 1920 e foram publicados em grande parte sem sua assinatura: antes de mais nada, trata-se de identificá-los e atri- buí-los a Gramsci. Certamente, não partimos do zero. Mas a neces- 206