classes populares de diversos países e que se iniciou na década
de 1930. Aggio contrapõe recortes analíticos de diferentes pensa-
dores sobre o “fenômeno” populista; desde aqueles que considera-
ram o desafio da busca por um “tipo ideal” de populismo até os
que desenvolveram diferentes subclassificações. A conclusão é de
que mais que um conceito, o populismo assumiu a função de uma
verdadeira “teoria explicativa” das sociedades latino-americanas,
uma que permitiria a compreensão dos intrincados caminhos que
trilhou a modernidade na nossa fração do continente (p. 43).
De teoria explicativa para os grupos de intelectuais que acei-
taram o desafio de interpretar e compreender a América Latina a
expressão pejorativa e pejorativizante nos veículos de informação
de massa, o populismo na visão do autor não seria mais que um
construto, um rótulo sob o qual agruparam-se as diversas moda-
lidades de “revolução passiva” que promoveram avanços econômi-
cos bem como uma certa modernização política.
Este é um livro fundamental para entendermos o conceito de
revolução passiva aplicado às sociedades latino-americanas, e
também para a compreensão da matriz gramsciana que perpassa
todo o trabalho de Aggio. Os processos de emancipação das socie-
dades latino-americanas realizaram-se com forte inclinação
para os valores políticos da “ocidentalização”, porém sem certas
características – como a existência de um antigo regime e a
confrontação de velhas e novas elites, assim como a nossa situa-
ção de dependência externa (p. 66-67). Neste contexto, o Estado
latino-americano assumiu funções muito peculiares, fabricando
de cima a classe dirigente e impulsionando as mudanças sociais.
Assim, em oposição a uma burguesia frágil e desarticulada,
surge uma atuante camada de intelectuais que, vinculadas a
este Estado funcional, exerce um papel preponderante nas tran-
sições decisivas da sociedade (p. 71). De fato, se comparada a
outras localidades, a opinião pública da América Latina sempre
conferiu um papel de destaque aos intelectuais e aqui, como em
poucos lugares, os intelectuais não se limitam ao engajamento e
à militância, mas se constituem em autênticas lideranças polí-
tico-sociais (p. 192).
Acreditamos que em nosso momento de efervescência política
Um lugar no mundo constitui obra de caráter fundamental para
uma compreensão ampla e livre de equívocos da realidade que
enfrenta o Brasil. Quando Aggio fala em “antirrevolução passiva”,
descrevendo-a como “[...] processos de antagonização às formas
anteriores de integração e articulação político-social, movido e
História política, modernidade e revolução passiva na América Latina
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