Breves reflexões sobre
a condenação de Luiz Inácio
JC Berghella
O
posição que sempre fui ao populismo travestido de
esquerda, não tive nenhum sentimento de vitória ou
rancor quanto à primeira condenação de Luíz Inácio Lula
da Silva. Todo o processo que o levou à condenação sintetiza
um longo percurso de uma ideologia pautada, como talvez diria
Marx, na concepção de mundo da pequena burguesia exaltada.
Diria, sem contudo absolutizar a questão, que é o fim do pequeno
burguês revolucionário.
Esta história inicia-se no final dos anos 1950 e início de 1960
com a oposição sindical da Igreja contra os comunistas do PCB,
auxiliados que foram por trotskistas, maoístas, socialistas, Fiesp
etc. Somaram-se a isso, no pós 1964, os “radicais de palavra”
contrários à formação da Frente Ampla contra a ditadura, na
medida mesma em que esta se propunha somar JK, Ademar,
Carlos Lacerda e as antigas lideranças democráticas do PTB
ombro a ombro com o PCB. Completa-se o ciclo inicial com a
derrota da luta armada, a mais visível expressão do pequeno
burguês revolucionário, tendo seus herdeiros, pouco a pouco, se
juntado às demais correntes exaltadas.
A fundação do PT tem o mérito de juntar todos os tipos “exal-
tados” sob um centralismo burocrático ideológico que se materia-
liza na liderança populista de Lula. PT e Lula são almas siame-
sas. A condenação de Lula é a condenação do seu lado siamês: o
PT. O lado negativo deste processo no futuro poderá ser a desar-
ticulação do “bloco exaltado pequeno burguês” dispersando essas
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