a reciclagem e outras práticas sustentáveis que podem servir de
exemplo. Os exemplos da comuna de Monteveglio, na Província de
Bolonha, Itália, e das cidades arroladas no European Green Cities
Index, mostram que a opção por modificar os padrões de consumo
e fixar metas de economia de energia e de redução de emissões de
CO 2 é perfeitamente viável.
À visão de governança global, trazida por Jackson (2009), se
soma a visão de convencimento virtuoso trazida por Beinhocker
(2007). Em um diálogo com um chefe tribal Massai, no Kenya,
Beinhocker intui que os complexos sistemas natureza e socie-
dade poderiam continuar em harmonia se o conceito de riqueza
e as “tecnologias sociais” fossem equivalentes aos padrões adota-
dos pelos Massai, os quais possibilitam que as aberturas do
sistema produtivo não cheguem a desorganizar a natureza como
sistema fechado, mantendo as atividades produtivas em um nível
de baixa entropia.
Nesse diálogo, o chefe tribal definia sua identidade como asso-
ciada a uma série de animais, árvores e áreas plantadas necessá-
rios para sua sobrevivência, intuindo-se daí que ele não necessi-
taria de nada mais. Obviamente que, para ser verdade, a população
mundial deveria parar de crescer e de aumentar o seu consumo,
renunciando à acumulação individual, à riqueza, vide Beinhocker
(2007), Heringer (2008) e Lovelock (2006).
Tais argumentos sugerem que a prosperidade sem cresci-
mento além de ser uma necessidade financeira e ecológica é a
via estratégica de uma nova civilização que bloqueará a destrui-
ção planetária. Dando os primeiros passos estar-se-á cons-
truindo uma outra civilização.
Considerações finais e propostas
Os itens anteriores permitem especular que ao homem que
construiu a civilização da acumulação e do consumo cabe criar
outra civilização na qual a obsessão por bens materiais não seja
determinante de felicidade e realizações. Uma civilização que
reestabeleça um equilíbrio com a natureza que existiu desde que
os hominídeos apareceram, 50 milhões de anos atrás, até cerca
de 2000 anos atrás. Para tanto, o foco da valorização humana
deixará de ser o capital nas suas diversas formas, produtivo,
especulativo, patrimonial etc., para ser o capital natural que
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Amilcar Baiardi