A crise não parece ter fim PD48 | Page 157

tanto, cogitar esta possibilidade significa buscar uma prosperi- dade duradoura. Uma concepção de prosperidade sem cresci- mento não é impossível mas exigiria arranjos políticos de envergadura para promover a redução da pobreza, capacitar as pessoas e retirar mais benefícios do aumento da produtividade do trabalho, com redução de jornadas laborais. O crescimento econô- mico só é indispensável porque ele é visto como a única forma de gerar emprego diante do desemprego estrutural, aquele que se eleva com aumento da produtividade do trabalho. Uma das características mais marcantes da crise financeira global que emergiu em 2008 foi o grau de consenso que a primeira prioridade era revigorar o crescimento econômico. A receita foi mais do mesmo, mais crédito, mais consumo, mas o espectro da recessão permaneceu, até porque a redução do crescimento é sempre vista como o pior dos mundos, devido ao acoplamento entre dinamismo econômico e dignidade para os que vivem de salário. Com isto se reafirmam duas características interrelacio- nadas da vida econômica moderna: a produção de novidade e o consumo de novidade. Os bens materiais têm um papel simbólico em nossas vidas, permitindo-nos comunicar socialmente, definir nossas identidades e sentimentos de um para o outro. Os desejos dos consumidores são o complemento perfeito para a inovação do empreendedor, combinação ideal para impulsionar o crescimento. As instituições são distorcidas na busca de consu- mismo materialista e a econo