fosse ela de natureza desenvolvimentista, acarretando também
mudanças no standard de vida e no aumento do consumo, espe-
lhado nos exemplos das sociedades mais afluentes. É neste
momento que, aos olhos dos ambientalistas, se igualam os impac-
tos das intervenções produtivas na natureza, sejam elas visando
meramente à expansão econômica, ou seja, dissociada de efeitos
virtuosos, ou visando à expansão associada a melhorias nas
condições de vida das populações. Este é o momento no qual se
esboça o conceito de desenvolvimento sustentável, que vai além do
desenvolvimento sustentado porque, ademais da regularidade da
acumulação, tem a dimensão da sustentabilidade, que significa
não perenidade do processo, uma vez que se espera que atingido
certo nível de renda, de serviços e de emprego ou capacidade de
remunerar o não trabalho, a economia ingresse, ceteris paribus,
em estagnação ou reprodução simples. Neste estágio, qualquer
extração de recursos naturais dar-se-ia não com vistas à acumu-
lação, mas à reposição do capital necessário à reprodução simples
e com uso de recursos naturais renováveis, no modelo que Ignacy
Sachs chama de biocivilização (1986).
Este novo entender do desenvolvimento emerge no momento em
que se difunde a consciência de que a expansão do consumo
convencional e a criação permanente de novas necessidades, com
origem no simbolismo e nos desejos criados, ultrapassam as
exigências indispensáveis à vida humana e ameaçam a natureza.
Pode-se, portanto, afirmar que a normalidade econômica é
assegurada pela existência de padrões sociais de consumo cons-
pícuo que garantem a demanda efetiva e asseguram o funciona-
mento do sistema econômico. Este processo, do qual a revolução
industrial foi uma consequência para atender ao impulso mercan-
tilista, tem uma origem mais recuada. Ele nasce com o impulso
irracional para acumular, enriquecer. A crítica ao mesmo é tardia
e ainda não obteve reconhecimento, estatuto e legitimidade para
mudar as políticas econômicas dos diferentes Estados nacionais.
(BAIARDI; TEIXEIRA, 2010).
A mitigação, compensação e as soluções de mercado para a
destruição ambiental
A economia neoclássica tem se caracterizado, ao longo da histó-
ria econômica, pela capacidade de incorporar à sua doutrina
concepções que nasceram de sua omissão ou da sua incapacidade
de ver certos problemas e para eles apresentar propostas. Diante
A biocivilização na passagem da era industrial para a pós-industrial
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