A crise não parece ter fim PD48 | Page 152

da economia que viriam associadas com melhorias da qualidade de vida , que fossem além da garantia da ocupação e do aumento da renda . Indicadores educacionais , de saúde , de infraestrutura e de serviços , estariam sendo os elementos a diferenciar o crescimento econômico do desenvolvimento econômico . Numa colocação que sintetizaria todas estas ideias , Galbraith afirma que o incentivo ao consumo e , consequentemente , à produção traz alguns desequilíbrios , como a falta de produção de bens públicos face aos bens privados produzidos .
A difusão destas ideias , ainda que geradas nos países industrializados , se apresentavam como mais adaptadas aos países periféricos que , em nomenclatura posterior , passaram a ser designados como países “ em desenvolvimento ”. O “ receituário ” de desenvolvimento adquiriu , nas obras de Myrdal , principalmente as dos anos 1950 quando se afasta da Escola Sueca , estatuto de teoria e de aplicabilidade , passando então os preceitos deste “ receituário ” a serem seguidos pelas agências de desenvolvimento nacional e internacional . Entretanto , nestas abordagens , os recursos naturais continuavam a ser vistos como dados , não finitos , e nenhuma mudança radical foi incorporada no que tange à forma de lidar com os mesmos , não obstante alguns conceitos derivados dos avanços na gestão da inovação tecnológica fossem responsáveis por um maior estímulo à adoção de inovações de processos que privilegiassem menor consumo de matérias-primas , que diminuíssem a relação insumo / produto , elevassem o aproveitamento de subprodutos e que reciclassem componentes do produto final .
Se estas práticas trouxeram alguma redução na extração de recursos naturais , as causas eram mais microeconômicas que resultado de uma reflexão que somente surge após o “ Relatório Brundtland ”, Nosso Futuro Comum , publicado em 1987 , no qual desenvolvimento sustentável é concebido como “ o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes , sem comprometer a capacidade das gerações futuras ”. ( BAIARDI ; TEIXEIRA , 2010 ).
A crítica ao desenvolvimentismo a qualquer custo e emergência da economia ambiental
É a partir da primeira conferência internacional sobre Meio Ambiente , “ Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento ”, que emerge a consciência não só da finitude dos recursos , mas também dos impactos negativos sobre o ambiente que a expansão econômica trazia , fosse ela puramente econômica ou
150 Amilcar Baiardi