A crise não parece ter fim PD48 | Page 151

do século XX, ser o mais desperdiçador que se tem registro na história da humanidade. (FOSTER, 2005). A natureza e a sua dominação no pensamento neoclássico e nos desdobramentos keynesianos e desenvolvimentistas O conceito de desenvolvimento aparece no pensamento econô- mico com mais nitidez a partir da crítica ao crescimento econô- mico que, por sua vez, foi um conceito que emergiu de outra crítica, a voltada para a economia marginalista ou neoclássica, que demonstrava uma obsessão pelo equilíbrio, ou ótimo está- tico. Isto se dá por volta de 1930, na transformação da ciência econômica de uma área do saber focada na análise da escassez, para outra área, preocupada com a escassez e a incerteza. O crescimento seria, então, uma tendência integradora das flutuações ou ondas dos ciclos econômicos. O mesmo foi visto não como um impulso restaurador do equilíbrio, mas sim como um movimento que elevava a dotação de capital a cada pulsação e com ela o aumento da produção. Os economistas que, nos anos 1930 a 1940, trataram do cres- cimento, não o percebiam com um comprometimento progressivo dos recursos naturais, os quais eram vistos como de oferta elás- tica e sem horizontes de finitude, pelo menos ao nível macroeco- nômico e de expansão e integração permanente de novos territó- rios. Embora a Europa ocidental já exibisse o efeito da expansão econômica, seja no esgotamento de minas e na destruição dos bosques, ao leste, ao sul e além-mar, para onde a economia pode- ria ir se expandindo, não se cogitava de escassez de recursos naturais. Eram fatores de produção dados e abundantes, assim, equivocadamente conceituados. Os fatores escassos poderiam ser o trabalho e o capital, não a “terra”, que simbolizava todos os recursos naturais. (SHACKLE, 1991). A partir de análises sobre o que acontecia no chamado “socia- lismo real” e sobre os impactos da reconstrução do Pós-Segunda Guerra, perspectivas designadas por heterodoxas no campo da economia sugeriram teorias alternativas, em que o agente econô- mico deixa de ser visto unicamente como otimizador e está inse- rido num contexto ético, institucional e tecnológico. Estas contribuições trouxeram mais clareza à ideia de definir o desenvolvimento como uma qualificação do crescimento econô- mico, na medida em que seriam transformações expansionistas A biocivilização na passagem da era industrial para a pós-industrial 149