A crise não parece ter fim PD48 | Page 150

Na sua concepção materialista da história, Marx usou os estu- dos de Darwin e extraiu deles a ideia de que, em seu processo evolutivo, o homem tem uma relação metabólica com a natureza, entendida como relação equilibrada ao longo do tempo, retirando da natureza o que necessita para sua sobrevivência e restituindo em vida, de forma variada, o que retirou para consumo. Seria uma forma do que hoje se define como retirada sustentável, segundo Lovelock (2006) e Heringer (2008). A ideia de Marx é que os sistemas econômicos pré-capitalistas faziam isso, natural e harmonicamente, em uma forma perma- nente de reciclagem. Para Foster (2005), Marx entendia que na medida em que o homem naturalmente habitasse o campo, ele saberia promover formas eficientes de reparar o que retirava do solo. As técnicas de produção agrícola na Idade Média seriam, por excelência, a demonstração de como isso ocorreria (BAIARDI, 1997). O autor de O Capital via neste tipo de agricultura e na rela- ção do camponês com a terra, abstraindo o feudalismo, um perfeito metabolismo, no qual nada se desperdiçava e tudo se aproveitava. Para Marx, no capitalismo plenamente constituído, a agricul- tura capitalizara-se na forma trinitária: empresário capitalista, proprietário fundiário e traba