costas e fechar os olhos. O meio termo é melhor e mais justo do
que os extremos.
Por isso, talvez, o Brasil, onde o Estado de Bem- estar Social é
um sonho e a visão da pobreza é parte da paisagem, possa ofere-
cer uma melhor chance de absorção de imigrantes. E seria bom
para a economia. Num momento em que o foco de tudo transita
em torno de uma atitude de imolação da alma cor
rompida do
brasileiro e das instituições que const ruiu, talvez nada melhor do
que adicionar ingre
dientes externos no caldeirão para ver se
melhora a composição de nossa receita de sociedade.
Que venham novos africanos, árabes, europeus, asiáticos e
povos que nunca vieram para cá. Uma ação radical, intrinseca-
mente boa e voltada para fora de si mesmo, talvez traga harmonia
para uma sociedade que se arrasta no chão das pequenezas.
O artigo 33 da Convenção sobre Refugiados da ONU, assinada
em 1951, expressa a proibição de expulsar refugiados, causando
seu retorno ao local onde sua vida estava ameaçada. Algo que tem
sido feito por aí. Só na crise da Síria, mais de dez milhões de
pessoas tiveram de fugir e muitas foram cruelmente impedidas de
chegar a algum lugar.
Uma das ideias mais interessantes para resolver a situação foi
formulada por Paul Collier, também na Foreign Affairs. Ele propõe
uma aborda
gem baseada em desenvolvimento. Parar com es
sa
coisa de acampamento em país vizinho ou mudança desesperada
para países ricos. Collier sugere zonas econômicas especiais em
áreas vizinhas à Síria. Nelas, empresas se instalariam dando
empregos para os refugiados, colocando, também, saúde, educa-
ção, esporte e lazer de forma sustent ável como só em uma cidade
com atividade econômica pode ocorrer. Os governos e as empresas
que hoje doam para garantir a subsistência dos refugiados e sua
manutenção longe dos Estados Unidos, Japão, Reino Unido e
União Europeia passariam a promover a existência deles dando-
lhes acesso ao mercado de trabalho.
A ideia original de colocar essas zonas econômicas especiais
em países vizinhos é boa pela prox imidade geográfica e cultural,
sobretudo por falarem a mesma língua.
Ora, o Brasil tem a maior população oriunda de sírios e liba-
neses do mundo. E ainda ocorre de ser presidido, no momento,
por um desses descendentes. Talvez seja essa a grande chance
que o país tem de contribuir para a humanidade, no momento
atual. E melhorar no processo a sua própria busca por uma visão
positiva sobre si mesmo. Algo que só será alcançado com ações
que sejam ao mesmo tempo altruístas, inteligentes e corajosas.
O estrangeiro
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