a de se instalarem silenciosamente dentro do próprio organismo
estratégico norte-americano.
Consta que Washington cometeu algo que parece ter êxito,
descuidos em sua área estratégica, algo fatal para os Estados
Unidos, resultando em algo ainda mais inacreditável, para os
comentaristas menos prevenidos em relações internacionais:
a aproximação realista, pelos bastidores de grandes consór-
cios de grandes empresários e magnatas do Partido Republi-
cano com Moscou. Não é à toa que o próprio filho do presi-
dente Trump, mesmo tão jovem, tenha seu nome envolvido em
temas nada claros em relação ao Kremlin, assim como asses-
sores que, no passado, não passavam de profissionais do anti-
comunismo mais furibundo.
A aproximação Donald/Pútin não deveria provocar tanta
histeria internacional, mas, melhor examinada à luz de fatos e
interesses mútuos, identifica estar bem mais ligada a grandes
negócios. Há um certo desespero, neste mesmo mundo ocidental,
também pelo fato de que a China acaba de anunciar o seu projeto
Rota da Seda, novidade no mundo que não se via há pelo menos
há 50 anos, a congregar mais de 60 países, fazendo com que
Washington perca o sono. Os adversários da aproximação China/
Rússia/Estados Unidos/Ocidente mostram-se aparentemente
‘atrasados’, talvez por conveniência, diante dos acontecimentos
que envolvem a crise geral do Ocidente. Reduzem as questões a
mera espionagem e contraespionagem, como se este assunto não
fosse corriqueiro entre as partes, há décadas.
A não confiança nessa aproximação não se dá apenas com base
no argumento, batido, de o presidente Vladimir Pútin ser um
antigo agente da KGB, mas, acima de tudo, pela insegurança com
que o presidente Donald Trump se comporta, contribuindo para
acentuar a crise de hegemonia (cuja contestação generalizada
avança sem freios), a assolar a grande potência. É possível que
uma outra pessoa, com as mesmas características políticas e
pessoalmente grosseiras, tivesse um outro tipo de comporta-
mento, mas, o fato concreto é que a instabilidade norte-americana
atual não teve início com o atual presidente, embora as suas ações
contribuam cada vez para que as incertezas diplomáticas, estra-
tégicas e políticas se acentuem, embora toda a culpa seja jogada
apenas da dupla sino-russa.
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Danúbio Rodrigues