A crise não parece ter fim PD48 | Page 122

ração das Indústrias (em São Paulo e no Rio de Janeiro) e a Confe- deração Nacional do Comércio. Segundo M. Paixão e L. Carvano, no Relatório Anual das Desi- gualdades Raciais no Brasil (2008, p. 191-192), desde a transição do regime militar para o civil, foram bem poucas “as pessoas de visível ascendência africana” que ocuparam, no governo federal, cargos de primeiro escalão, sendo um no governo Sarney, nenhuma nos governos Collor e Itamar Franco, uma sob Fernando Henrique, e cinco nos dois governos de Lula da Silva. No momento deste texto, os afrodescendentes continuam, ainda, com baixa representatividade. E os dados tabulados no Relatório mencionado, se refl etem ainda, por exemplo, na baixís- sima frequência de afrobrasileiros a teatros e salas de concertos, museus, leilões e exposições de arte, desfi les de moda, restauran- tes e aeroportos, nas grandes capitais do país, mesmo em Salva- dor, cidade de grande concentração negra. uma mestiçagem apenas confortável A louvável celebração da imigração europeia e asiática no Brasil tem como contraponto discutível exaltação da “mestiça- gem” nacional. Ao contrário, por exemplo, do que ocorreu no Haiti. Lá, na época colonial, muitas mulheres negras fecundadas por brancos foram socialmente dignifi cadas: pelo menos três delas tiveram fi lhos presidentes da Republica. Ao contrário des