A crise não parece ter fim PD48 | Page 117

Brasil , a real identidade do “ país dos imigrantes ”
Nei Lopes

Em junho de 2011 , uma nota em O Globo , um dos três principais jornais brasileiros , comentava mudanças havidas na composição do primeiro escalão do governo da República , nos seguintes termos : “ Nosso país de imigrantes chegou ao poder . Dilma [ a presidenta ] tem origem búlgara . Michel Temer [ vice-presidente ], libanesa . Gleisi Hoffman [ ministra chefe da Casa Civil ], alemã . Guido Mantega [ ministro da Economia ] é genovês . E Ideli Salvati [ ministra da Secretaria de Relações Institucionais ] também tem ascendência italiana ”. ( Coluna de Ancelmo Góis , 1 º Caderno , p . 12 , 13 / 06 / 2011 ).

Recorrentemente celebrada , a ascensão socioeconômica e , consequentemente política – como nesse exemplo –, dos descendentes de imigrantes europeus e asiáticos no Brasil , costuma dar uma ideia distorcida da real identidade do país . Nesta , a contribuição dos africanos ( imigrantes forçados ), expressa em um segmento populacional majoritário , conforme as últimas tabulações estatísticas , é a maior responsável pelos componentes que definem e distinguem , fora do âmbito do mercado e do consumo globalizados , a verdadeira cultura nacional .
O maior mercado de escravos das Américas
No século XVI , iniciado o processo de colonização do Brasil , as atividades econômicas passaram a exigir cada vez mais trabalhadores , mão de obra essa que os colonizadores foram buscar no
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