A crise não parece ter fim PD48 | Page 105

No Palácio do Planalto, a aposta majoritária é de que o Banco Central reduzirá a Selic em, pelo menos, um ponto per­centual na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom). Já em fevereiro, acreditava-se que o BC seria mais ousado, mas a direto- ria comandada por Ilan Goldfajn preferiu não avançar muito o passo e optou por uma queda de O,75 ponto. Entre os auxiliares de Temer, a visão é de que, agora, o corte de um ponto nos juros virou piso. Ou seja, será o mínimo a ser cogitado pela autorida­de mone- tária, que tirou a camisa de força à qual havia se amarrado. Serviços A inflação vem surpreendendo para baixo o BC e o mercado, desde outubro do ano passado, quando os preços começaram a desabar com força, sobretudo os dos alimentos. A recessão econô­ mica, que muitos acreditavam que estava sendo revertida, ficou mais forte. O desemprego se acentuou, minando de vez o poder de compra das famílias. O fechamento de empresas bateu recorde e o endividamento não deu trégua. De janeiro para fevereiro, baixou de 5,87% para 5,46%. Tudo indica que esse indicador encerrará este ano no nível mais bai­ xo em, pelo menos, uma década e meia. E mais: ao longo de fevereiro, segundo o lBGE, o ín­dice de difusão, que mede a variação de produtos e serviços que tive­ram reajustes, cedeu de 63,3% para 50,9%. Para o BC, um índice con­fortável é sempre abaixo de 60%. Os dados da inflação são tão favoráveis, que a grande maioria das instituições financeiras reduziu as estimativas para este ano, fato que se refletirá na pesquisa semanal Focus realizada pelo BC. Maior banco privado do país, o Itaú Unibanco diminuiu a proje­ção para o IPCA de 4,4% para 4,1 %. Pelos cálculos do Bank of Ame­r ica Merril Lynch, a variação do custo de vida será de 4,4%. Tha­deu, da MacroAgro, prevê 3,8%. “Dificilmente, a inflação ficará acima da meta. A probabilidade maior é de que encerre 2017 bem próxima de 4%”, afirma o economista. Agressividade Trata-se da sétima queda mensal consecutiva e é inegável a importância dessa queda dos juros cobrados dos tomadores pelos bancos e outras instituições de crédito, mas cabe ressaltar que, se essa tendência não for mais vigorosa, a economia demorará mais tempo para se recuperar. O povo paga a conta 103