No Palácio do Planalto, a aposta majoritária é de que o Banco
Central reduzirá a Selic em, pelo menos, um ponto percentual na
reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom). Já em
fevereiro, acreditava-se que o BC seria mais ousado, mas a direto-
ria comandada por Ilan Goldfajn preferiu não avançar muito o
passo e optou por uma queda de O,75 ponto. Entre os auxiliares de
Temer, a visão é de que, agora, o corte de um ponto nos juros virou
piso. Ou seja, será o mínimo a ser cogitado pela autoridade mone-
tária, que tirou a camisa de força à qual havia se amarrado.
Serviços
A inflação vem surpreendendo para baixo o BC e o mercado,
desde outubro do ano passado, quando os preços começaram a
desabar com força, sobretudo os dos alimentos. A recessão econô
mica, que muitos acreditavam que estava sendo revertida, ficou
mais forte. O desemprego se acentuou, minando de vez o poder de
compra das famílias. O fechamento de empresas bateu recorde e o
endividamento não deu trégua. De janeiro para fevereiro, baixou de
5,87% para 5,46%. Tudo indica que esse indicador encerrará este
ano no nível mais bai
xo em, pelo menos, uma década e meia.
E mais: ao longo de fevereiro, segundo o lBGE, o índice de difusão,
que mede a variação de produtos e serviços que tiveram reajustes,
cedeu de 63,3% para 50,9%. Para o BC, um índice confortável é
sempre abaixo de 60%.
Os dados da inflação são tão favoráveis, que a grande maioria
das instituições financeiras reduziu as estimativas para este ano,
fato que se refletirá na pesquisa semanal Focus realizada pelo
BC. Maior banco privado do país, o Itaú Unibanco diminuiu a
projeção para o IPCA de 4,4% para 4,1 %. Pelos cálculos do Bank
of Amer ica Merril Lynch, a variação do custo de vida será de 4,4%.
Thadeu, da MacroAgro, prevê 3,8%. “Dificilmente, a inflação ficará
acima da meta. A probabilidade maior é de que encerre 2017 bem
próxima de 4%”, afirma o economista.
Agressividade
Trata-se da sétima queda mensal consecutiva e é inegável a
importância dessa queda dos juros cobrados dos tomadores pelos
bancos e outras instituições de crédito, mas cabe ressaltar que,
se essa tendência não for mais vigorosa, a economia demorará
mais tempo para se recuperar.
O povo paga a conta
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