A crise não parece ter fim PD48 | Page 104

Na melhor das hipóteses , as contas pú blicas voltarão ao azul em 2020 ou 2021 . Isso , contando que a economia voltará a crescer a um ritmo próximo de 3 % ao ano .
O Brasil , no entanto , se acostumou com este Estado inchado e perdulário . Em países civilizados , a comoção popular contra o au mento de impostos seria enorme . Mas o governo aposta que o im pacto da alta do PIS e da Cofins , e mesmo da Cide , será mínimo , já que os preços dos combustíveis estão em queda . Ou seja , o Planalto está contando que poderá meter a mão no bolso dos consumidores sem que haja uma gritaria . E não está errado . Infelizmente , o grosso da população não está nem aí para as decisões de Brasília , mesmo que acabe pagando uma fatura salgada .
Na opinião do presidente do Sebrae , Guilherme Afif Domin gos , ainda que mínimo , qualquer aumento de impostos é ruim . E fica pior num momento de fragilidade tão grande da economia , que se debate para sair da maior recessão da história . “ O certo se ria o governo ter partido para um controle maior dos gastos ”, diz . Ele acredita que , diante de novas frustrações de receitas , novas rodadas de elevação de tributos podem vir . Este é o caminho mais fácil a ser seguido .
Sem alternativa
Auxiliares próximos do presidente Michel Temer se assanharam com o resultado da inflação do primeiro semestre , que ficou abaixo de todas as estimativas de mercado . Todos acreditam que acabaram as desculpas usadas pelo Banco Central para não acele rar o processo de cortes da taxa básica de juros ( Selic ), que está em 12,25 % ao ano . Há quem acredite que o excesso de conservadoris mo da autoridade monetária pode fazer com que o Índice de Pre ços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) feche este ano bem abaixo do centro da meta , de 4,5 % – algo entre 3,5 % e 4 %.
“ O nosso temor , hoje , é de que o BC erre para baixo , que a infla ção caia muito , sem que isso resulte em um pouco mais de cresci mento ”, diz um dos assessores presidenciais . Não se pode esquecer , no entender dele , que , como a inflação vem caindo muito mais rá pido que a Selic , os juros reais estão subindo . “ Teoricamente , está havendo um aperto monetário e não um alívio ”, frisa . Em outu bro do ano passado , quando a taxa básica baixou para 14 %, os juros reais estavam em 5,7 %. Agora , com a Selic a 12,25 %, os juros reais atingiram 7,1 %.
102 Vicente Nunes