anos, 2016 e 2017, receberam aumento de 10,8%. Agora, querem
mais dois anos de reajuste, equiparando a correção aos 27,8%
dada à elite do serviço público.
Mesmo sabendo que as contas públicas estavam estraçalha-
das, o presidente Temer preferiu não enfrentar as corporações.
Alegou que, sem o cumprimento dos acordos fechados ainda na
administração de Dilma Rousseff, a máquina governamental
poderia parar. Não bastasse este sinal de fragilidade, o atual
presidente da transição recorreu a um expediente incompatível
com o discurso fiscalista da equipe econômica: abriu os cofres em
junho e em julho para angariar votos, a fim de barrar, na Câmara
dos Deputados, a denúncia de corrupção passiva feita contra ele
pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. De janeiro a
maio, a liberação de emendas parlamentares ficou um pouco
acima de R$ 100 milhões. Nos dois meses seguintes, os desembol-
sos passaram de R$ 2 bilhões. O peemedebista mostrou que, no
vale tudo para manter o cargo, o ajuste fiscal virou ficção.
E pode vir mais
O pior é que o aumento de impostos não vai resolver os proble
mas das contas públicas, pois as receitas continuarão crescendo
aquém do necessário e os gastos se manterão explosivos. O risco
de a meta fiscal deste ano não ser cumprida continuará latente.
Pi
or: mesmo pagando mais para um Estado perdulário, vários
serviços estão ameaçados.
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
Leonardo Gadelha, diz que se o órgão não receber um aporte extra
de verbas até o fim do ano, terá que suspender o atendimento em
até metade dos postos espalhados pelo país. A Força Nacional,
que reforça a segurança onde a violência atinge níveis alarman-
tes, pleiteia R$ 120 milhões para manter as tropas nas ruas. Se
este dinheiro não for liberado rapidamente, quase 1,6 mil policiais
voltarão para os quartéis.
As contas públicas, por falta de vontade política, continuarão
no vermelho por muitos anos, com o risco de a dívida pública
superar os 80% do Produto Interno Bruto (PIB) já em 2018. No
ano passado, o déficit primário do governo federal (Tesouro Nacio-
nal, Banco Cent ral e Previdência) ficou em R$ 161,2 bilhões, com
um saldo R$ 7 bilhões maior do que o anunciado previamente.
Para este ano, a previsão é de um buraco de R$ 139 bilhões. No
ano que vem, a projeção aponta para um rombo de R$ 129 bilhões.
O povo paga a conta
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