A crise não parece ter fim PD48 | Page 102

O povo paga a conta
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Vicente Nunes

O governo de Michel Temer assumiu com um discurso du ríssimo sobre a necessidade de o país fazer um ajuste fis cal consistente , mas , passado mais de um ano dos compromissos assumidos pelo ministro da Fazenda , Henrique Meirelles , o equilíbrio das contas públicas continua na promessa . Uma análise mais profunda da evolução das finanças federais aponta que a gastança continuou desenfreada . Não por acaso , a equipe econômica anunciou mais um aumento de impostos , elevando o PIS e a Cofins sobre combustíveis e , se necessário , haverá ainda alta da Cide , que também incide sobre preços da gasolina e do diesel .

A conta do desajuste , mais uma vez , será paga pela população . Para tentar justificar o fracasso na gestão das contas públicas , o governo diz que o aumento de imposto foi a última opção que restou para que não seja obrigado a abrir mão do ajuste fiscal . A priori dade é evitar que o rombo neste ano seja maior do que os R $ 139 bi lhões colocados como teto . A equipe econômica argumenta , ainda , que a forte recessão prejudicou a recuperação da arrecadação de tri butos .
O pequeno aumento real de 0,77 % nas receitas , no primei ro semestre deste ano , não foi suficiente para compensar a elevação de gastos que se viu nos últimos meses . Os técnicos alegam que fazem o que podem , tanto que cortaram R $ 39 bilhões do orçamento deste ano . Mas o certo é que o governo é perdulário e o Estado , inchado demais .
Temer teve todas as oportu nidades de , realmente , fazer um ajuste fiscal de verdade . Contu do , optou por favorecer corporações , como a dos servidores públicos , que tiveram aumentos de salários de até 27,8 % dividi dos em quatro anos . Para se ter uma ideia dessa medida , entre 2016 e 2019 , os reajustes do funcionalismo vão custar mais de R $ 100 bilhões ao Tesouro Nacional .
Há , ainda , uma fatura de até R $ 16 bilhões sendo pleiteada pelo chamado carreirão , formado pelos servidores que estão na base dos salários . Como eles fecharam acordo por apenas dois