A Capitolina 6, junho 2014 | Page 35

credito que esta será uma de minhas resenhas mais longas - entretanto, peço que tenham paciência, porque este é um livro que vale a pena ser resenhado.

“Maze Runner: Correr ou Morrer” é, em poucas palavras, um primor literário. Não posso afirmar o mesmo dos próximos livros da coleção, por ainda não tê-los lido, mas anseio pela leitura dos próximos títulos como um andarilho no deserto anseia por água. O problema é que bem sei que não farei mais nada pelo resto do dia se começar a ler as próximas partes da coleção, motivo pelo qual decidi postergar a leitura até amanhã.

James Dashner tem um estilo que é único, capaz de tecer considerações sobre distopia e experimentos em linguagem acessível e engajante. Dashner também é capaz de criar um estilo de suspense com elementos de terror mas que não são terror propriamente dito, o que adiciona atmosfera ao seu trabalho sem tirar o foco do livro nas coisas que acontecem durante a história. Ao ler este livro, senti como se eu estivesse lendo um híbrido de 1984, uma história épica e um mistério (talvez não chegando aos pés de Agatha Christie, mas um excelente mistério de qualquer forma).

Devo admitir que não gostei do livro no começo - porém não gostei por não ter vislumbrado a intencionalidade do autor inicialmente. No começo do livro, poucas informações foram dadas, o que me fez sentir perdido, e é por isso que eu estava sobre a impressão de que Dashner era um autor descuidado, incapaz de realizar qualquer ambientação ou desenvolvimento de personagens. Entretanto, este não é o caso, fato que eu apenas percebi quando noticiei que sua intenção era de colocar o leitor na mesma sensação de “deslocado e confuso” presente na mentalidade do personagem principal - uma jogada levemente arriscada, porém genial. Dashner não usa apenas este recurso arriscado, mas muitos outros, o que torna seu trabalho diferente de muitos livros existentes. Suas idéias eventualmente beiram o abismo do absurdo, resvalando na aparência de mágica, mas sem perder o realismo e a brutalidade do mundo real - e talvez seja por isso que eu gostei tanto do livro: Dashner é louco de pedra, mas um louco sensato que sabe escrever muito bem.

A história do livro é baseada em um personagem chamado Thomas, que é levado por uma espécie de elevador para uma colônia de outros garotos com idade próxima a sua. Esta colônia está cercada por um enorme labirinto em uma clareira, buscando uma forma de sair, mas ao mesmo tempo aceitante de sua vida de prisioneiro (percebe-se isto com os personagens menos envolvidos com o labirinto). Esta realidade, entretanto, não se aplicam aos Corredores, empenhados em descobrir uma solução para este mistério e voltar para a vida real.

Como todos os personagens do livro tem uma forma de amnésia seletiva, é difícil divisar o que é real e o que falso durante a narrativa. Mais do que garotos, temos “testemunhas” que não são confiáveis e regras que parecem não se aplicar a este mundo. Falar mais do que isso sobre “Maze Runner: Correr ou Morrer” é simplificar demais uma história que deve ser lida.

Não os darei este desprazer, caros leitores desta resenha.

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Maze Runner: Correr ou Morrer

Lucas Lacerda

Resenhando 33

DASHNER, James. ''The Maze Runner: Correr ou Morrer" EditoraVergara e Riba 2012. 426 páginas.