A Capitolina 6, junho 2014 | Page 30

28 A Capitolina

Para a minha estreia aqui na revista escolhi um livro também de estreia da Karen Harrington, Claros Sinais de Loucura. Esse é o primeiro livro da autora para o público infanto-juvenil, e também o primeiro livro dela traduzido e lançado no Brasil. Nos Estados Unidos o livro foi lançado no ano passado, aqui no Brasil a Intríseca lançou oficialmente Claros Sinais de Loucura em abril, mas, sejamos honestos, o livro só chegou às livrarias mesmo em maio.

Sarah Nelson é uma garota um tanto quanto peculiar. Enquanto seus amigos leem Harry Potter, ela escreve cartas para Atticus Finch, o advogado de O sol é para todos. Ela tem dois diários, um verdadeiro e um falso, coleciona palavras-problema e sua melhor amiga é uma planta chamada, adivinhem, Planta. Mas, principalmente, Sarah vive tentando achar claros sinais de que está ficando louca e, bem, não é à toa: sua mãe ficou conhecida em todo o país por ter matado seu irmão Simon afogado, e tentado matar Sarah do mesmo modo quando ela tinha apenas 2 anos de idade. Após essa tragédia, a mãe de Sarah foi condenada a viver em uma clínica psiquiátrica, e Sarah passou a viver com o pai alcoólatra e ausente, mudando frequentemente de cidade na busca por uma vida normal. O assédio da mídia a tornou astuciosa, introspectiva, solitária e mentirosa – de que outra maneira ela poderia viver normalmente tento passado por episódios tão difíceis?

Nas vésperas de seu aniversário de 12 anos e das férias de verão, Sarah está cada vez mais apreensiva. Ela sente falta dos momentos que nunca viveu com a mãe, já se acha grande o bastante para ter que passar as férias na casa dos avós, está preocupada em ter que revelar quem é sua mãe no trabalho da árvore genealógica que fará na escola no próximo ano letivo, e ansiosa porque ainda não deu seu primeiro beijo e isso terá que acontecer nessas férias.

Bem madura para a sua idade, talvez por ter crescido sem uma presença feminina e com um homem de poucas palavras, Sarah é repleta de pensamentos críticos e frases marcantes. Entretanto ela ainda é uma garota de 12 anos que só quer furar as orelhas, conversar com os vizinhos mais velhos sem parecer infantil, descobrir o que aconteceu com o casal de idosos da sua rua e saber um pouco a respeito da sua mãe louca.

Claros Sinais de Loucura é uma grande dica para aqueles que amam O sol é para todos. Cheio de referências à obra de Harper Lee e seus personagens, os que gostaram de ler a história de Atticus Finch amarão este livro, e os que não leram – assim como eu – vão querer ler. Além disso, Karen Harrington conseguiu inserir mensagens de texto e verbetes em sua obra, o que deu todo um ar divertido e descontraído à obra.

Karen Harrington escreveu um livro realmente cativante, engraçado, uma leitura prazerosa e repleta de pequenos mistérios. Principalmente as leitoras que já passaram dos 12 anos se identificarão com Sarah e terão uma leitura um tanto nostálgica.

lançamento

Claros Sinais de Loucura

Bruna F. Monteiro

HARRINGTON, Karen. ''Claros Sinais de Loucura'. Editora Intrínseca. 2014. 1 edição. 254 páginas.