A Capitolina 6, junho 2014 | Page 21

temas mais complexos, que tenham um conteúdo concreto, não apenas seqüências narrativas ilustradas. Já os jovens, que na década de 1980 elegeram o suspense como tema principal de suas escolhas, entre 1994 e 2004 buscam a fantasia e questões relacionadas à adolescência nos textos que escolhem para ler.

Não se pode deixar de observar que, enquanto na década de 1980 o gráfico representava sete obras infantis e apenas três juvenis, no período de 1994 a 2004 vêem-se cinco obras infantis e cinco juvenis. O fato de hoje, aparentemente, o jovem estar mais inserido ao mundo da leitura do que na década de 1980 pode estar relacionado ao surgimento da série best-seller de Harry Potter, que despertou o interesse pela leitura em jovens de muitos países, inclusive o Brasil. Ceccantini (2004: 21) defi ne de maneira clara o porquê da literatura infanto-juvenil ser um gênero tão oscilante, isto é, porque o gosto das crianças e jovens muda de período a período. Deve-se prestar mais atenção ao leitor, que pode descobrir no livro um grande instrumento de cidadania e educação:

o conceito de infância, que gera as condições de produção, muda de forma substancial; da mesma maneira, pode ser radicalmente diferente o modo como os textos são lidos, tanto por públicos primários ou secundários quanto por públicos de especialistas ou leigos. Tudo isso sugere um tipo de literatura defi nido mais em termos do leitor do que das intenções dos autores ou dos próprios textos. E também demonstra a relação estreita entre texto e leitor e, conseqüentemente, a peculiar honestidade e realismo requeridos pelo crítico de literatura infanto-juvenil. (Ceccantini 2004: 21).

Assim, pode-se dizer que a produção literária infanto-juvenil é algo que deve ser sempre renovado, visto que, como citado, o conceito de infância, e mesmo de juventude, mudam freqüentemente. A criança e o jovem de décadas atrás não têm o mesmo gosto que os de hoje em dia, e isso é comprovado por essa pesquisa. Deve-se ter em mente, sempre, que a literatura infanto-juvenil é um meio de se passarem valores importantes aos seus leitores, que estão em sua fase de formação moral e biológica. No entanto, não se pode esquecer do fato de que a leitura deve ser estimulada como um hábito prazeroso, longe de qualquer obrigação imposta pela escola e mesmo pelos pais.

Paea Saber Mais 20

Mestranda Bruna Longo Biasioli

(PG – UNESP / FAPESP)

2007