A Capitolina 5, maio 2014 | Page 14

13 Escrituras

A fim de apresentar um panorama sobre a recep ção dos primeiros e mais influentes romances góti cos e também algumas concepções interessantes que os autores de tais obras teceram sobre a arte de escrever, vimos o con texto histórico da Ingla terra no século 18 e depois analisamos em termos gerais de que maneira a literatura realista e a literatura gótica respon deram a tal contexto. O cenário literário da In glaterra setecentista foi extremamente movimen tado e inovador. Inúmeros conceitos e hábitos lite rários já consolidados hoje ainda eram bastante inci pientes naquela época. Além disso, fica evidente que cada autor lidou com tais mudanças de forma particular. Mesmo assim, podemos perceber que, em sua grande maioria, todos apresentavam uma consciência madura sobre a faceta mercantilista da literatura: inúmeros auto res parecem explicar o teor de suas obras como uma espécie de “jogada de marketing”. Mas os prefá cios, introduções e correspondências que ser viram a esse objetivo aca baram se tornando espaço para a discussão de inú meros conceitos inéditos.

Em relação à literatura gótica, especificamente, é bem interessante perce ber que os autores sete centistas já pareciam ter a percepção de que suas obras divergiam do sis tema vigente, isto é, que sua escrita não estava seguindo os preceitos ra cionalistas que as outras obras exaltavam. Os rela tos em prefácios também mostram que a forma como os autores escolheram escrever era uma opção feita de acordo com objetivos específicos: con tar uma estória usando estratégias narrativas que evocavam o fantástico, por exemplo, era uma escolha norteada pela função que a escrita tinha para cada autor. Duas últimas obser vações me parecem ser pertinentes aqui: a pri meira é que não podemos esquecer que os autores setecentistas também eram os leitores setecen tistas. É fácil encontrar em páginas da internet alguns depoimentos de Coleridge, por exemplo,

conclusão