A Capitolina 3, março 2014 | Page 22

arlan Coben é um fenômeno dos romances policiais. Ele tem o dom de te prender ao livro, e é impossível não terminar de lê-lo quando já foi dada largada na leitura. Na França o autor é tido como “o mestre das noites em claro”, e com total razão, a leitura é extremamente viciante.

Nesse livro, nosso personagem principal é Myron Bolitar que é um ex-jogador de basquete que teria tido um futuro brilhante no esporte caso não tivesse lesionado o joelho. Tragédias a parte, Myron é uma estrela, que viu no insucesso a oportunidade de se tornar agente de atletas e posteriormente de celebridades. Dotado de um senso de humor fora do comum, com tiradas do tipo “eu a amei e ela amassou meu coração como se fosse um copinho descartável”, ele dá um toque de humor na história. Porém, é impossível falar do Myron sem citar seu fiel amigo Win (que na verdade se chama Windsor Horne Lockwood III). Acredito eu, que as missões de Myron não teriam sucesso se não fosse a ajuda que ele recebe do amigo.

Win é podre de rico, loiro, alto, olhos claros, um esnobe de carteirinha, um típico sangue azul, mas engana-se quem pensa que Win por ser esnobe é fresco, Win é um justiceiro solitário, barra pesada mesmo, que tem o hábito de viajar e sair na calada da noite só pra dar cabo á vida daqueles que causam desordem e medo nas pessoas. Myron é a típica pessoa boazinha, que faz o que tem que ser feito e não consegue se manter longe de encrencas, e é Win que o salva, ou seja, cruzar o caminho de seu melhor amigo é assinar o próprio atestado de óbito, pois Win mata sem dó nem piedade (mas somente se for necessário, ele não é sádico). Win é tão esnobe, tão refinado que até para atender o telefone demonstra o quão superior é, falar alô é para os fracos, ao atender o telefone ele fala “Articule”, e te faz atender o telefone assim!

Win nunca foi casado, nunca se apaixonou, e é um mulherengo de carteirinha, daqueles que fazem sexo por fazer, sem envolvimento, sem sentimento nenhum. Desconfio eu que ele deva ter sofrido por alguém no passado, mas isso nunca foi mencionado. E finalmente temos Terese Collins, uma ex-jornalista de sucesso, alta, magra, esguia, que é dona de uma postura altiva e elegante, que há oito anos teve um pequeno “relacionamento” com Myron, e que agora precisa de sua ajuda, já que como agente de celebridades ele atua como detetive, e acima disso tudo, é uma pessoa de extrema confiança de Terese – mesmo não o vendo há muitos anos.

O livro começa falando sobre o assassinato de Rick Collins, a possibilidade da filha do casal – morta há dez anos – estar viva, afinal, na cena do crime foi encontrado sangue e fios de cabelos loiros compatíveis com o DNA de Rick e Terese, e depois a coisa envereda para o lado do terrorismo internacional, planejado através da genética e células embrionárias, de um modo que realmente te deixa com a pulga atrás da orelha, porque sim, as possibilidades do livro existem. Mas em meio disso a essas condições extremamente adversas temos o surgimento do amor.

O livro te deixa com gostinho de quero mais, e posso recomendar de olhos fechados para aquelas pessoas que adoram um suspense policial, aventura policial, pra quem gosta daquele friozinho na barriga enquanto vira as páginas, porém, com uma advertência: o livro vicia. Você pode perder horas preciosas do seu tempo, tudo para matar a curiosidade em saber o que acontece depois e depois e depois. Agora, é torcer para que Harlan crie várias continuações para Myron e Win, porque, se tem uma coisa que me encanta nos livros do Harlan é a escrita fácil, leve, com personagens que chegam a ser reais de tão humanos. Quem gosta de Dan Brown vai se identificar muito com o Harlan, embora os temas não sejam parecidos, a leveza e clareza da escrita é muito semelhante.

H

De que valores você abriria mão para salvar alguém que ama?

Quando ela se foi

Geissiane Aguiar

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COBEN, Harlan. "Quando Ela Se Foi". Editora Arqueiro. 2011. 256 páginas.