A Capitolina 3, março 2014 | Page 21

xistem poucas coisas mais satisfatórias do que resenhar um livro que se gosta de ler - assim, temos a certeza de que ampliaremos ainda mais o grupo de pessoas que tem acesso a uma obra que consideramos boa. Entretanto, ainda mais satisfatório do que isso é redigir uma resenha sobre um livro fraco, pronto para ser criticado em todas as suas falhas. Este é a categoria na qual se encaixa o livro que resenharei hoje, um livro que senti ser uma perda tão colossal de meu tempo (trocadilho intencional) a ponto de sentir a premente necessidade de resenhá-lo para que todo o meu trabalho não tenha sido em vão.

“A Ascensão do Colosso” é um dos livros que pegaram carona no fenômeno Percy Jackson, com a intencionalidade de revisitar a mitologia com a intenção de reinterpretá-la. Entretanto, este livro faz pouco mais do que ter a mera intenção de ter essa atitude, deixando de proporcionar qualquer releitura, história, ou diversão.

Inicialmente, eu acreditei que iria gostar do livro por motivos pessoais - já que, quando criança, eu adorava livros que continham figuras, diagramas e uma conexão pessoal com o leitor (presente em séries como Deltora Quest e aqueles livrinhos que tinham um cartão vermelho para você ver a resposta do mistério do capítulo). Peter Lerangis utiliza-se deste recurso, mas não o conecta com a história de nenhuma maneira. As figuras são jogadas, aparentemente, com a intenção de mostrar “olha que legal, esse livro tem figuras!” e nada mais. Desta forma, o livro foi uma total decepção para mim após alguns meros capítulos.

Somando-se a isso, o autor usa a mera metodologia ‘pro-formática’ [personagem + poderes + perigo = pronto], esquema que eu gosto de chamar de “os 4 Ps”. Utilizar-se desta abordagem sem maior comedimento ou análise, a meu ver, é similar à utilização de uma máquina de romance do livro 1984, culminando com a gênese de uma obra canhestra e incapaz de ser chamada, de qualquer forma, de literatura. Como resultado deste processo, Lerangis não utiliza um fio condutor em sua narrativa, sendo obrigado a quebrar a história em pedaços desconexos e justificá-los pela presença de flashbacks. Não existe profundidade psicológica em qualquer um dos personagens principais (sendo eles meramente posicionamentos determinísticos de seus próprios poderes) e percebe-se, pelo modo de escrever, que o autor encontra-se tão perdido quanto seus próprios personagens em meio a trama.

“A Ascensão do Colosso” é um livro decepcionante e, em toda a minha coleção por enquanto, o único que não tenho a menor intenção de comprar as continuações. Se alguém por ventura ponderar sobre a compra deste livro, recomendo que compre ao invés dele o livro “Amanhecer” - que tem praticamente o dobro de páginas e, desta forma, funcionaria melhor como um combustível para lareira.

E

A Ascenção do Colosso

Lucas Lacerda

Resenhando 20

LERANGIS, Peter. 'A Ascenção do Colosso'. Editora Verus. 2013. 1 edição. 318 páginas.