A Capitolina 3, março 2014 | Page 14

detratores ou defensores

ou contra quem lê sem liberdade. Assim como Virginia Woolf, creio que leitor algum deve ler baseando-se em críticos, resenhistas, bibliotecários, professores, amigos...cada um deve ler o que quiser, independente do que dizem ou disserem. Por isso, já li muitos dos livros ostracizados: Paulo Coelho, Cinquenta Tons de Cinza, Saga Crepúsculo, Nicholas Sparks...muito daquilo que alguns consideram (e eu vou citar o que já li em blogs) 'literatura inferior', 'literatura sem valor', ou nem consideram literatura! Um absurdo. Quem pode dizer que 'O Aleph' é ruim sem ter lido? Sem ser capaz sequer de resumir a obra?

Eu digo aqui: não gostei de 'O Aleph'. Não porque é Paulo Coelho, nem porque a crítica me disse. Mas porque eu li e formei minha opinião sobre o livro e sobre Paulo Coelho (que não cabe expôr aqui). Igualmente, digo aqui: adorei 'Brida'. E 'O Diário de Um Mago'. E sou louca para ler 'Verônica Decide Morrer'. Digo isso porque li, independente do que me disseram, das caras feias que recebi, dos comentários sobre meus gostos. E só vejo um motivo para essa reação das pessoas, de modo geral: é mais fácil.

É mais fácil falar que Cinquenta Tons de Cinza é machista e corrompe a moral do que ler o livro e perceber os outros problemas muito maiores que ele tem (esqueça o sexo, nenhum dos personagens é minimamente crível, mesmo os protagonistas são assustadoramente planos, sem nenhum desenvolvimento psicológico. A falha não é na falta de pudor, mas na observação do humano e real). Assim como o contrário também é mais fácil: chamar todos de preconceituosos e ser incapaz de defender o livro (que tem pontos positivos! A falta de pudor quebra uma barreira importante e inicia uma discussão interessante sobre o que é aceito na literatura e como isso tem mudado ao longo dos anos).

Mas não é porque é mais fácil que é certo.

É claro que ler com liberdade é mais díficil. Como ignorar tantas pessoas te dizendo que é perda de tempo esse livro que você gosta tanto? Ou ouvir que é um absurdo você não gostar desta ou daquela obra prima literária? Mas, independente do quão difícil possa a ser, as vantagens de se ler com liberdade são inúmeras.

Só sendo livre na leitura é que se pode realmente descobrir aquilo que se gosta e porque se gosta (ou desgosta e porque se desgosta). Se nos privarmos dessa liberdade e aceitarmos opiniões alheias, se nos guiarmos somente pela mídia e se repetirmos sem pensar ou compreender algumas críticas, perdemos muitos. Podemos ler apenas best-sellers e jamais descobrirmos que um escritor iniciante é genial. Podemos ler só os clássicos e nunca nos apaixonarmos perdidamente por algum personagem de Sparks ou Green. Podemos

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Por Clarice Paes

S

Coelho, Meyer e

o ostracismo literário