A Capitolina 2, fevereiro 2014 | Page 13

Detratores ou Defensores 12

de forma espontânea. Foi isso, aliás, que me despertou a vontade em estar frente a frente com uma beluga e pude notar nitidamente o quanto é natural seu contato com o homem (mesmo não sendo treinada).

Voltando ao meio terrestre e sem me esquecer, é claro, dos amigos primatas, não posso deixar de citar a gorila Koko, que foi treinada para transmitir alguns sinais baseados na Linguagem de Sinais Americana. Apesar de encantadora, a gorila causa polêmica entre muitos estudiosos: uns acreditam que ela foi realmente capaz de aprender outra linguagem e de se comunicar expressando suas vontades e sentimentos através desses sinais; outros veem isso apenas como a reprodução de gestos ensinados a ela que, por sua vez, o faz apenas para ser recompensada pelos pesquisadores, não compreendendo assim seu verdadeiro significado.

Particularmente penso ser muito difícil assistir a um vídeo de Koko cuidando de seus gatinhos, virando contra a televisão no momento em que está passando a cena mais triste de seu filme predileto, fazendo sinais de que está triste pela morte de um gatinho ou ainda abraçando alguns de seus ídolos da televisão, sem pensar que ela tem plena consciência de tudo isso, assim como qualquer um de nós humanos.

Através das abelhas, das baleias, dos primatas e de tantos outros seres vivos é possível perceber que há entre eles certas ações que nos remetem a pensar que estão de alguma forma se comunicando. Agora, se você estiver se perguntando: “em até que ponto se pode afirmar que um animal está realmente querendo dizer algo? Como saber se tudo não passa de mera criatividade da mente humana?”, é preciso deixar tais perguntas de lado e substituí-las pela pergunta: “tais ações podem ser consideradas mensagens concretas?”. Benveniste então nos traz uma diferença crucial entre a comunicação animal e a linguagem humana, que é exatamente a retratação do assunto aqui proposto: a situação em que se dá a comunicação. No exemplo das abelhas é possível perceber que conseguem sim passar informações, mas estas não provocam resposta alguma do ambiente, ou seja, as abelhas (e os outros seres em si) não conhecem o diálogo. Isso é especificado no dado momento em que uma abelha chega à colmeia para dar a informações de em que lugar e distância está o pólen e as outras vão até o local. Ao voltar para a colmeia, fazem o mesmo que a primeira abelha, não pela mensagem por ela transmitida, mas sim, pela situação que acabaram de presenciar, informando assim outras abelhas.

A NOC, por sua vez, tentou reproduzir a voz humana, mas não conseguiu se comunicar conosco apesar da semelhança, pois não conhece o nosso código (e nem nós o dela!). Enquanto a gorila Koko consegue passar muitas informações aos pesquisadores, mas deixa clara sua limitação por não ter domínio total da linguagem humana.

Sendo abelha, baleia ou gorila uma coisa é certa: o homem anseia em descobrir uma linguagem direta com esses curiosos seres, e muitas das vezes isso não precisa ocorrer através de muitos estudos, mas apenas de uma situação normal do cotidiano, como a deste exemplo: o dono de um cão pensa que ele está cantando quando uiva com o som do caminhão do gás, sendo que na verdade ele está expressando sua dor de ouvido. Esta é a prova de que muitos seres humanos têm a necessidade em dizer que um animal agiu de alguma forma comparada a uma ação da natureza humana. Para mim, por exemplo, basta uma lambida!

Pamella Machado é estudante de Letras na UNICAMP, além de grande amante da Cultura Raiz Sertaneja em que atua como cantora, catireira e apresentadora do programa Caipira de Fato com Pamella Machado. Saiba mais pela página: facebook.com/programacaipiradefato ou ainda pelo seu perfil pessoal facebook.com/paam.machado.9