1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 63

O leque de forças que objetivamente deveria apoiar a revolução nacional, portanto, era a quase totalidade da nação, faltando apenas ganhar esse povo, a “massa”, levar-lhe a consciência de seus reais interesses. A posição dos comunistas era incentivada pelas posições do movimento comunista internacional, com as colocações de Nikita Kruschëv de que o caminho para a revolução era pacífico, a luta desencadeada na Guerra Fria entre os sistemas fora substituída pela competição pacífica e a URSS, superando a economia norte-americana, seguia célere rumo à construção do comunismo. Os revolucionários cubanos, que tomavam o rumo do socialismo, não tardariam em declarar que só era revolucionário quem fizesse a revolução, cujo único caminho parecia ser a luta armada, enquanto as divergências sino-soviéticas propiciavam o desmembramento da esquerda que, até então, se mantivera, fundamentalmente, unida em torno do PCB. As eleições presidenciais de 1960 foram um marco importante na nossa história política, que vinha da vitória contra os eternos golpistas que, fracassados em 1954, tentavam sua última jogada para chegar ao poder legitimamente com a candidatura de Jânio Quadros. Com a perda de seu trunfo, na renúncia do presidente, inconformados com a posse do vice, que representava o poder dito populista, contra o qual seu elitismo combatia, a direita tentou mais uma vez um golpe para chegar ao poder, em agosto de 1961. É sabido que o general Odílio Dennis chegou a dar ordens para que Porto Alegre fosse bombardeada, a fim de quebrar a resistência democrática articulada no Sul. Também no Rio a resistência contra os golpistas, pela democracia, foi imediata: conhecida a renúncia de Jânio, o PCB deu imediatamente a palavra de ordem de posse ao vice, dentro da mais restrita legalidade democrática. E, naquele então, os legalistas foram vitoriosos. Em 1964, os golpistas haviam conquistado as simpatias da maioria da população e então conseguiram o poder, há muito articuNos 50 anos do golpe de 1964 61