1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 487
É útil tomar conhecimento do que disse recentemente o
“ideólogo do sistema”, o general Golberi, tentando acalmar os
“duros”, os “puros”, os seus extremistas. Para ele, a “abertura lenta
e gradual” é a única opção legal que lhe resta para retirar o regime
do beco sem saída ou do impasse em que está metido. É a maneira
pela qua1 esperam enfrentar e resolver com sucesso a crescente
pressão democrática da sociedade. Pensam ser essa a única saída
para o fracasso da política econômico-financeira, em particular da
política energética que, por sua imprevidência, comprometeu
profundamente a soberania e a segurança da nação brasileira.
Tentam assim se adaptar, entregando os anéis para não perder os
dedos, a uma situação internacional bem diferente da que existia
quando da “fase áurea” do regime.
A abertura propugnada pela maioria da nação, naturalmente, visa a objetivos diversos: tem como meta o fim do arbítrio,
a conquista de um regime de democracia política, a participação
das forças vivas da nação no processo de tomada de decisões. Exige
uma luta constante contra as leis de exceção, contra os casuísmos,
defendendo a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte livremente eleita.
Para a realização deste projeto de abertura, é tarefa importante a luta pela consolidação das liberdades reconquistadas e por
sua permanente ampliação. E, neste sentido, assume papel de destaque a batalha pela realização das eleições, contra qualquer aventura
golpista e contra o terror. Condição para o êxito deste conjunto
unitário de lutas é a mais ampla unidade de todas as forças democráticas. Não é casual, portanto, que os ideólogos do regime temam
a frente única das oposições e tudo façam para dividi-la, procurando, assim, o aval de setores da oposição parlamentar para os seus
planos de “constitucionalizar” o autoritarismo. Neste rumo, não
podiam ser mais claros os termos da recente conferência do general
Golberi na Escola Superior de Guerra.
Por outro lado, devemos compreender que a luta contra o
arbítrio e pelas liberdades democráticas não é tarefa exclusiva dos
partidos, mas de toda a sociedade. Foi a pressão da sociedade civil,
Os comunistas, a abertura e a democracia
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