1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 47

maioria da esquerda, com a adesão pelo menos parcial do PCB, viu as formas democráticas como empecilho à realização das reformas de base – e nisso se mostrou inteiramente subalterna à coalizão que se preparava para dirigir a modernização conservadora, reprimindo com a violência de Estado a política e a vida associativa dos “de baixo”. Logo em seguida, a luta de massas pela restauração de um regime de amplas liberdades não foi, infelizmente, a primeira opção de quem pegou em armas contra a ditadura. E ainda hoje, no mundo das esquerdas (basta lembrar, como casos limite, o voto contrário ao texto constitucional de 1988 dado pelos parlamentares do PT ou a relação tumultuada deste partido com a institucionalidade democrática, como atestado pelo STF no julgamento da Ação Penal 470), ainda há quem viva como “concessão ao inimigo de classe”, não como questão irrenunciável, o projeto de aliar, sem ambiguidade de nenhum tipo, a mudança social e o método da democracia política. As esquerdas, a ditadura e o problema da frente democrática 45