1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 463
Estado – População
1940
Urbana e suburbana
Rural
1960
3.168.111
8.824.720
4.012.205
8.149.979
O proletariado cresceu em poucos anos, aglutinando uma
importante parcela demográfica, que saiu do Nordeste e de Minas
Gerais para buscar trabalho no parque industrial bandeirante. São
os "baianos", que deram outra feição a São Paulo. Pesquisando a
vida de cada um em seu núcleo familiar, vê-se como cada qual fez
sua "revolução particular" em sua vida. Enquanto antes passava
fome no Nordeste, comendo jabá com farinha seca, em São Paulo
recebe o salário mínimo e constrói uma casa de alvenaria, na periferia do ABC: Osasco, Guarulhos, São Miguel etc.5 No distante
Nordeste, nada possuía; na Paulicéia, seus filhos e filhas frequentam escola primária; os membros da família têm possibilidades de
obter trabalho, o que lhes permite dispor de uma receita familiar
acima do nível do salário-mínimo previsto para um trabalhador;
em seu lar, vão entrando utilidades, artigos de cama, mesa e até os
eletrodomésticos; come carne duas ou três vezes por semana e
alimenta-se diariamente com arroz, feijão, macarrão, farinha etc.
Esse "baiano" subiu socialmente e possui razões para acreditar que
seus filhos ascenderão ainda mais na escala social e poderão ter
uma "vida melhor". Seus sonhos nada têm a ver com as ideias da
libertação social do proletariado. Geralmente, ao passar quatro ou
seis anos numa empresa, seu desejo é sair da fábrica com um pecú-
5
Usamos a expressão "baianos" entre aspas porque essa é a designação que, em São
Paulo, a população dá aos nordestinos e mineiros, proveniente de núcleos rurais, que
chegam ao parque industrial bandeirante em busca de emprego. Como não dispõem
de qualificação profissional, aceitam as piores funções (serventes de pedreiro, auxiliares de limpeza etc.) e baixa remuneração. A expressão "baiano" tem um sentido
algo pejorativo, mas é ela que é usada em São Paulo para caracterizar essa avalanche
imigratória, que veio a ser um dos elementos mais importantes do crescimento da
indústria paulista.
Causas da derrocada de 1° de abril de 1964
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