1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 462

operário brasileiro. Sem se partir das modificações nos últimos vinte anos no Brasil não se pode entender o comportamento político do proletariado, especialmente em São Paulo. Ao se proceder a tal análise, alguns teóricos "esquerdistas" manifestaram a tendência generalizada de atribuir o atraso político da classe operária a erros cometidos pelos comunistas. Cabe, a esse propósito, duas observações: primeira, a de que realmente os comunistas cometeram graves equívocos, conforme afirmaram em suas apreciações públicas de autocríticas; segunda, que tais "críticos", quase inevitavelmente, ao atacarem os comunistas, propõem que se adote uma linha de conduta que, afinal, representa exatamente o que os comunistas fizeram durante os anos de 47 a 54, e que levou a um fracasso total. Isto é, a vida comprovou o desastre, em toda a linha, de uma política ultraesquerdista, de "autênticos revolucionários" que exigem imediatas transformações socialistas no Brasil. E não se diga que as condições brasileiras mudaram tanto, de molde a tornarem acertada uma linha política comprovadamente equivocada anos atrás. Na verdade, as falhas dos comunistas nunca foram analisadas seriamente. Nem por eles, nem por outras correntes. Os fatos demonstram que os erros dos comunistas no movimento operário, acima de tudo, indicam a falsidade das posições políticas não ajustadas à realidade nacional. O grande desenvolvimento industrial havido, a partir do fim da guerra e que durou até 1962, alterou consideravelmente a situação da classe operária em São Paulo. Indicam essa transformação os seguintes dados do IBGE sobre a capital e o estado de São Paulo, nos últimos vinte anos: Capital – População 1940 1.326.261 460 1960 3.709.111 1964 – As armas da política e a ilusão armada