1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 460

generalizadora das experiências adquiridas. Com esse instrumental de análise, pode-se compreender o absurdo erro de volta e meia os comunistas traçarem uma política de rompimento violento e mecânico com a posição reformista-burguesa. Para os dirigentes sindicais autênticos, uma contradição existia na fase anterior ao golpe. De um lado, sentia-se que havia a necessidade real do apoio dos governantes para fazer avançar o movimento sindical (na obtenção de fundos para as organizações, no esforço para a sindicalização em massa, no trabalho de aglutinação dos sindicatos para uma ação unitária, na legalização da atividade sindical dentro das empresas etc.). De outro lado, tal apoio acarretava graves inconvenientes, pois ocasionava o fortalecimento da influência estatal dentro do movimento operário de massas e a continuação do "paternalismo" no movimento operário. O movimento sindical não tinha força para dar grandes passos e nem poderia engajar-se prematuramente em batalhas decisivas. Mas, essa não era a análise que se fazia, pois no exame da correlação de forças sempre se assinalava o "poderio do CGT". Era evidente a inadequada avaliação de certos movimentos que se verificaram entre 62 e 63, especialmente as duas "greves gerais", a propósito do plebiscito e da nomeação do sr. Moura Andrade para primeiro-ministro. Não obstante só tenham tido sucesso parcial na Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro, na baixada santista, em Porto Alegre e num ou noutro ponto do país, exagerou-se os resultados dessas ações. Não se considerou que contaram elas com apoio oficial e que seu êxito só foi completo nas empresas estatais, havendo fracassado na grande maioria das empresas privadas. Não se via que uma coisa é fazer greve em empresa do Estado, que não pune nem demite grevistas, via de regra, especialmente quando o próprio governo dá cobertura ao movimento enquanto são "outros quinhentos mil réis" quando se trata de mobilizar operários de empresas privadas. Os erros do movimento sindical partiram do fato básico de que nunca houve um estudo sério da situação da classe operária brasileira e das transformações que vem sofrendo em sua estrutura, particularmente em São Paulo. Faltando esse exame cuidadoso, como não se 458 1964 – As armas da política e a ilusão armada