1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 45
mera contagem aritmética de votos. Tudo isso sem falar de amplos
setores da hierarquia católica, já definitivamente afastados do
regime, com o significativo destaque de D. Paulo Evaristo Arns,
que deram insubstituível testemunho material e moral na defesa
dos direitos humanos, seja no caso dos presos políticos, seja no de
homens e mulheres “comuns”, vítimas dos esquadrões da morte.
Delineou-se assim, com concretude, a substância da política
de frente democrática, voltada para “derrotar a ditadura” e instaurar um regime de amplas liberdades, não para “derrubar o capitalismo” e sua expressão ditatorial supostamente necessária. Uma
política que, aos poucos, tornou-se hegemônica no conjunto das
esquerdas, uma vez verificada a derrota inapelável da estratégia da
luta armada, e que também cobrou seu preço em vidas preciosas,
como, entre muitas outras, as dos membros do comitê central do
PCB assassinados em 1974 e as de Vladimir Herzog e Manuel Fiel
Filho, que se transformaram em marcos da reação da nova sociedade civil rebelada contra a camisa de f