1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 438

Conscientes de tudo isso é que vamos trabalhar nas eleições. Os obstáculos à atividade política em torno das eleições tornam-se ainda mais evidentes quando consideramos a imensa apatia popular em relação às mesmas. O fato é que temos de empenharmo-nos, desde já, junto às forças de oposição no Estado, para pôr em andamento nossa tática eleitoral. Levando em conta a força da ditadura, julgamos difícil colher de imediato grandes lucros políticos das eleições. Mas não podemos subestimar sua importância: abrem-se respiradouros, por menores que sejam, para a manifestação da vontade das massas e ampliam-se as possibilidades de criação de novos focos de resistência à ditadura. Devemos, por isso, preparar imediatamente as candidaturas que apresentaremos ou apoiaremos, intensificando, ao mesmo tempo, as alianças políticas, organizando os contatos com líderes e cúpulas políticas e selecionando os quadros e recursos materiais para sustentar esta atividade. Agindo, é claro, sem perder de vista que o trabalho eleitoral é apenas um momento, e nada mais do que isto, do nosso esforço para a formação, na GB, da frente antiditatorial. É uma atividade que deve reforçar e ser reforçada pelas demais frentes de trabalho: sindical, estudantil, favelas, cultural etc. Chamamos, em último lugar, a atenção para a possibilidade que as eleições abrem para se estimular as crises e cisões no sistema de forças do governo, crises que minam e enfraquecem os seus suportes políticos. A questão da fusão não pode, hoje, ser discutida academicamente, no plano técnico e histórico. Quanto a esses aspectos da questão, os menos relevantes no momento, diremos apenas que a fusão, por si só, não representaria um meio ou garantia de solução para os problemas econômicos, sociais e administrativos dos dois estados. No contexto político atual, porém, a ótica de exame do problema é outra, completamente diferente. Diremos, de forma 436 1964 – As armas da política e a ilusão armada