1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 389

de trabalhadores agrícolas privados de terra própria e que são forçados a emigrar constantemente, esmagados pelos latifundiários. Suas condições de vida e nível de consciência variam acentuadamente, segundo as regiões do país. Para muitos deles, a reivindicação básica é ter trabalho, lugar para morar e condições de prover o sustento da família. Um número considerável, entretanto, aspira à posse da própria terra e desperta para outras reivindicações. O desenvolvimento econômico nas últimas décadas teve grande repercussão em todos os setores da vida social e política do país. O Brasil era um país em que os grandes proprietários de terra predominavam no poder político. A população urbana era reduzida e tinha pequena expressão política. Os trabalhadores do campo viviam isolados pelas fronteiras quase intransponíveis do latifúndio. Apenas um por cento da população participava no processo político. Desde então, as cidades cresceram e o número das que abrigam mais de 20 mil habitantes passou a ser em 1960 de 172. Em 1965, o número de habitantes das cidades equivale já ao das zonas rurais. As transformações ocorridas contribuíram para definir melhor as classes e camadas sociais e para elevar a sua participação na luta política. Em tal processo, despontaram, como forças políticas progressistas mais ativas, o proletariado urbano e rural, as massas camponesas e a camada majoritária da pequena burguesia urbana. O processo de industrialização determinou importantes mudanças no nosso proletariado, o qual engloba hoje aproximadamente 8 milhões de pessoas, sendo 3 milhões de operários urbanos e 5 milhões de assalariados agrícolas. Na indústria fabril, temos cerca de um milhão e seiscentos mil operários. O proletariado já apresenta um terço da população brasileira economicamente ativa. Houve, assim, em curto espaço de tempo, acentuada alteração na estrutura da nossa classe operária. Suas fileiras foram engrossadas principalmente por elementos vindos do campo e das pequenas cidades do interior. VI Congresso do PCB – dezembro de 1967 387