1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 359
assembleias legislativas, câmaras de vereadores, suspensão do
direito político de qualquer cidadão por 10 anos e suspensão do
habeas-corpus.
Com o golpe militar, oposicionistas à ditadura começaram a
se organizar formando uma corrente de opinião em vários segmentos da esquerda, que trabalhou a perspectiva de criar uma
vanguarda revolucionária que, na opinião dela, “rompesse com o
imobilismo de partidos como o PCB e opusesse uma resistência
armada à força bruta do governo”. Na visão desses grupos, “há
uma ditadura militar e a massa é contra ela. A única forma de
provar que isso é uma ditadura militar é promover o aparecimento
da luta armada, chamar a ditadura militar para tirar suas armas,
para se revelar como tal. Ao fazer isso, a massa vai se somar com os
que lutam de armas na mão contra a ditadura militar, vai se generalizar uma rebelião nacional, e ela cairá”.2
Assim contra a ordem, então estabelecida, irromperam
naquele período diversas organizações guerrilheiras que atuaram
fora do campo institucional: a AP (Ação Popular), oriunda do cristianismo católico, posteriormente convertida ao maoísmo, via
PCdoB; a ALN (Aliança Libertadora Nacional); o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e a VPR (Vanguarda Popular
Revolucionária), dentre outras que enfatizaram a necessidade da
ação revolucionária imediata.
As organizações armadas apresentavam divergências entre
si, sobretudo acerca do caráter da revolução brasileira e em relação
às formas de luta mais adequadas para se chegar ao poder (via
guerrilheira nos moldes cubanos ou a perspectiva revolucionária
de inspiração maoísta). Por outro lado, as organizações armadas
também apresentavam aspectos em comum, como a prioridade da
ação armada contra o suposto imobilismo e a interpretação de que
a economia brasileira vivia um processo de estagnação que só seria
2
SOUZA, Herbert José de. Entrevistas. In: Memórias do exílio. São Paulo: Livramento, 1976, p. 80.
Violência na ditadura contra mulheres
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