1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 34

A realidade – ontem, hoje e amanhã Lembrar e debater a implantação do Golpe de 1964 é importante para o Brasil e para a democracia. Não apenas para lembrar aos mais jovens do significado de um regime ditatorial, do protofascismo, da falta de liberdades, o que se faz necessário. Mas, sobretudo, para continuar discutindo, reafirmando caminhos democráticos, pois o golpismo, presente como já disse em nossa cultura, vive a pairar sobre a política, sobre a sociedade, sobre nossos homens públicos e nossas instituições. Estamos convencidos de que não há outro caminho para solucionar os graves problemas nacionais, fora da democracia. Qualquer atalho dará em desastre. E quando falamos em democracia estamos definindo grandes processos de articulação que possam romper com o sebastianismo político, com o salvacionismo que, de alguma forma, esteve presente no amplo movimento que levou Lula ao poder. Se as alianças políticas dos idos de 1970 e 1980 foram fundamentais para derrotar o regime, elas são impostergáveis para mudar o Brasil. Não alianças de qualquer tipo, com forças conservadoras ou oligárquicas, ressuscitando figuras que começavam a cair no ostracismo, feitas apenas em nome da manutenção do poder, de uma certa governabilidade canhestra. Falamos de alianças estruturais, da montagem de um novo bloco político, forte, capaz de levar o Brasil romper com a inércia, criar um novo pensamento econômico, uma nova sinergia política. Nossa postura hoje é de uma política ampla dentro desse aspecto que sempre tivemos como objetivo, a de unir as forças democráticas. Aquilo que foi importante para derrotar a ditadura, é importante hoje para fazer as políticas de transformação da sociedade brasileira. Para que não vire mera retórica, para que não se tenha um governo que não mude, gargalo que nos sufoca, há muito tempo, sobretudo nos últimos 25 anos, período mais longo de vivência democrática no país e no qual não se implantaram as chamadas reformas de base (a reforma democrática do Estado, a reforma tributária, a reforma educacional e tantas outras). 32 1964 – As armas da política e a ilusão armada